Foto: Rahel Patrasso/Xinhua
Varejistas encerraram dia em queda após Black Friday ficar abaixo das expectativas 29 de novembro de 2021 | 20:28

Bolsa sobe 0,6% amparada por alta das commodities e com fiscal no radar

economia

Sustentado por ações de exportadoras de commodities, a Bolsa de Valores fechou o primeiro pregão da semana em alta de 0,58%, aos 102.814 pontos, se recuperando parcialmente do tombo de 3,4% na sessão passada causado pelas incertezas trazidas pela nova variante ômicron da Covid-19.

O Ibovespa, principal índice de ações do mercado local, caminhava para marcar valorização acima de 1% nesta segunda-feira (29), em linha com a recuperação observada no mercado americano, mas perdeu força pouco antes do fechamento, na esteira de declarações vindas de Brasília acerca da política fiscal do governo.

Destaque de alta na sessão para ações de produtoras de matérias-primas mais relacionadas ao contexto de recuperação global, com os investidores se recompondo após as vendas generalizadas da sexta-feira (26).

As ações de Usiminas tiveram valorização de 6,1%, enquanto as da Ultrapar avançaram 4%. Já os papéis da Petrobras fecharam com alta de cerca de 3,5%. O petróleo registrou ganhos de 0,65%, a US$ 73,19 (R$ 410,68).

Contribuiu para o movimento de retomada nos preços dos ativos declarações do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a respeito da nova variante do coronavírus. Segundo ele, a ômicron é motivo de preocupação, mas não de pânico.

Já as varejistas terminaram o dia na Bolsa brasileira em queda, com o mercado se mostrando frustrado com as vendas na Black Friday. As ações das Lojas Renner recuaram 1,43%, e as da Soma, 1,48%, enquanto os papéis de Magazine Luiza caíram 0,25%, e os da Marisa, 2,6%.

Os analistas da XP apontam em relatório ser difícil ter uma leitura precisa quanto ao impacto do evento para as empresas listadas do setor de comércio eletrônico. Isso pela avaliação de que o resultado foi espalhado ao longo do mês, dado que todas empresas foram bastante ativas desde o início de novembro.

“Nossa expectativa é que as companhias apresentem um crescimento sólido no online no 4º trimestre, porém com rentabilidade pressionada.”

Nas Bolsas americanas, o dia foi de ganhos para as ações —o S&P 500 fechou em alta de 1,3%, enquanto o Nasdaq subiu 1,8% e o Dow Jones teve apreciação de 0,7%.

Por lá, destaque para as ações do Twitter, que depois de operar em forte alta ao longo do dia dia, reverteram a tendência para encerrar o pregão em queda de 2,7%. A forte volatilidade dos papéis respondeu ao anúncio do cofundador da companhia, Jack Dorsey, que em post na rede social informou que vai deixar os cargos que ocupa na empresa.

Já o dólar comercial terminou a sessão com valorização de 0,32% frente ao real, cotado a R$ 5,6130 para venda, no maior patamar desde 1º de novembro (R$ 5,67).

Os mercados globais de forma geral tiveram uma sessão de alívio neste início de semana, com a diminuição dos receios sobre uma nova variante do coronavírus patrocinando uma recuperação dos preços dos ativos. Porém, o dólar também ganhou terreno nesse contexto, uma vez que voltaram à mesa perspectivas de aumento de juros pelo Federal Reserve (banco central americano) nos Estados Unidos.

Além disso, pesa no caso do mercado local as incertezas sobre a evolução da política fiscal do governo nos próximos meses. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta segunda que o projeto de reforma do Imposto de Renda não deve ser apreciado pela Casa neste ano. De acordo com o senador, a tendência é que o texto seja votado apenas em 2022.

Ao participar de evento promovido pela Federação do Comércio do Paraná, Pacheco ainda afirmou que a manobra encontrada para a PEC dos Precatórios é a “solução possível” para garantir recursos ao novo programa social do governo, o Auxílio Brasil. A intenção dele é votar o texto no plenário na próxima quinta-feira (2).

“O projeto do Imposto de Renda está tramitando com o senador Angelo Coronel na Comissão de Assuntos Econômicos, fazendo um debate próprio, mas não deve ser apreciado neste ano. Fica para o ano que vem”, disse.

 

Lucas Bombana / Folha de São Paulo
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