Foto: Pedro Ladeira/Folhapress/Arquivo
Ministro afirma que país tem base fiscal forte e projetos que preveem R$ 700 bilhões de investimentos para próximos anos 12 de novembro de 2021 | 20:11

Mercado subestima potencial de crescimento do Brasil e país vai surpreender em 2022, diz Guedes

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, acredita que os especialistas de mercado estão subestimando o potencial de crescimento do Brasil em 2022, quando ele prevê que o PIB avançará mais do que o 1% previsto por economistas, depois de crescer cerca de 5,5% este ano.

Guedes argumenta que, apesar da pandemia, o país tem uma base fiscal forte e projetos já contratados que preveem R$ 700 bilhões de investimentos para os próximos anos.

“Ano que vem continuam errando, subestimando o Brasil. Não vou falar quanto vamos crescer, mas, da mesma forma que subestimaram quando a gente caiu, isso acontece de novo agora”, disse ele à Reuters.

“Temos 550 bilhões (de reais) já contratados e mais 150 bilhões (de reais) do leilão 5G que estão chegando, e isso é só começo, até o fim do governo vai ter muita coisa”, acrescentou, ressaltando que o país tem marcos regulatórios que viabilizam uma nova onda de investimentos.

Guedes se reuniu esta semana com CEOs das maiores empresas francesas baseadas no Brasil e, segundo ele, a mensagem dos executivos foi de otimismo com o país.

No último boletim Focus, no entanto, as projeções do mercado recolhidas pelo Banco Central para a alta do PIB em 2022 foram reduzidas de 1,20% para 1%, e algumas instituições já apontam para crescimento perto de zero e alertam para o fenômeno da estagflação.

“Acho que vão errar de novo”, disse Guedes, quando questionado sobre as estimativas para o ano que vem. “Erraram na queda (do PIB em 2020) e vão errar de novo na alta.”

O ministro se mostrou incomodado com críticas ao país feitas pela revista britânica “The Economist”, que apontou em artigo esta semana que o presidente Jair Bolsonaro faz mal à economia brasileira e que Guedes contribui para movimento de burlar o teto de gastos e conduzir o país “à incontinência fiscal”. A referência foi à PEC dos Precatórios, que altera regra do teto, abrindo espaço para mais despesas no ano eleitoral de 2022.

O ministro ironizou os números da economia do Reino Unido. “Quem deve estar indo bem é a Inglaterra, lá tem fila para abastecer carro, falta carne, caiu o PIB em 9,7% e a gente caiu 4%”, disse ele, em referência a 2020.

“Nós vamos crescer este ano 5,5% e eles, nada. Como dizer que o Brasil está mal? A Economist devia olhar para o próprio umbigo. O Brasil está melhor que as grandes economias, mas particularmente do que o Reino Unido”, acrescentou.

Na conversa pelo telefone, o ministro destacou ainda que a inflação é motivo de atenção do governo, mas frisou que o Banco Central já está atuando para evitar uma disseminação da alta dos preços.

“Os fundamentos fiscais estão muito fortes, e o BC está caçando a inflação”, disse.

Em outubro, o IPCA (índice de inflação ao consumidor) foi de 1,25%, maior variação para o mês desde 2002. Em 12 meses, a inflação oficial acumula alta de 10,67%.

Rodrigo Viga Gaier / Folha de São Paulo
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