Foto: Dado Ruvic/Reuters/Arquivo
A ômicron cause doenças menos graves que a delta 12 de janeiro de 2022 | 18:45

OMS afirma que não é hora de dizer que ômicron é bem-vinda

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O diretor-executivo do programa de emergências em saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde), Michael Ryan, afirmou nesta quarta (12) que “este não é o momento de declarar que esse vírus é bem-vindo, nenhum vírus que mata pessoas é bem-vindo”.

A fala de Ryan vem logo após um jornalista ter lido, na entrevista coletiva da OMS desta quarta (12), a declaração do presidente Bolsonaro que minimizou a nova cepa.

“Dizem até que seria um vírus vacinal. Deveriam até… Segundo algumas pessoas estudiosas e sérias —e não vinculadas a farmacêuticas —dizem que a ômicron é bem-vinda e pode sim sinalizar o fim da pandemia”, afirmou o mandatário.

Na mesma coletiva de imprensa, Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, reiterou que “embora a ômicron cause doenças menos graves que a delta, ela continua sendo um vírus perigoso, principalmente para aqueles que não são vacinados”.

Caracterizada pela alta capacidade de transmissão, a ômicron já é a cepa predominante em alguns países, como os Estados Unidos e Reino Unido. No Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse na terça-feira (11) que “ela [ômicron] já é prevalente aqui no Brasil, nós estamos assistindo o aumento de casos”.

Segundo dados do boletim epidemiológico da OMS divulgado nesta terça (11), houve o aumento de 55% de diagnósticos de Covid-19 em todo o mundo entre 3 e 9 de janeiro ao comparar com a semana anterior.

A situação emergencial é ainda mais crítica quando se observa a baixa equidade vacinal entre os países, ponto sempre criticado pelo diretor da OMS. Segundo ele, em entrevista coletiva na quinta passada (6), na taxa atual de vacinação, “109 países não atingirão a meta de vacinar toda a população até o início de julho de 2022”, o que dificulta o fim da pandemia.

Adhanom também reiterou que o fato de ser mais transmissível já torna a ômicron um motivo de preocupação. “Mais transmissão significa mais hospitalizações, mais mortes, mais pessoas afastadas do trabalho, incluindo professores e profissionais de saúde, e mais risco de surgir outra variante que é ainda mais transmissível e mais mortal que a ômicron”.

A OMS, em entrevista anterior, já tinha afirmado que o uso somente de vacinas não será suficiente para barrar a transmissão da cepa, até por ela ter certo escape vacinal conforme alguns estudos já mostraram. Dessa forma, os especialistas reiteram a importância de tomar outras ações, como evitar grandes aglomerações, usar máscaras de proteção e dar preferência por ambientes bem ventilados.

Mesmo assim, a vacinação ainda é um importante instrumento principalmente para evitar casos graves e para barrar o surgimento de novas variantes. “Podemos ter esperança [de que a ômicron será a última variante], mas não fazemos o suficiente para evitar novas [cepas]”, afirmou Ryan na última quinta-feira (6).

Ele destacou que bilhões de pessoas ainda não se vacinaram e isso é um fator importante porque colabora para a maior circulação do vírus, podendo gerar novas modificações.

Farmacêuticas já realizam estudos para mensurar se os imunizantes são eficazes contra a variante. A BioNTech e a Pfizer, por exemplo, disseram que três doses da sua vacina neutralizaram a nova variante em um teste de laboratório. Também já há o indicativo de uma vacina adaptada para a ômicron até março.

Outro estudo, realizado com a Janssen, sugeriu que uma dose extra da vacina reduz as hospitalizações causadas pela ômicron, reiterando as evidências de que o reforço é essencial contra a cepa.

Mesmo assim, especialistas da OMS que supervisionam as vacinas contra o coronavírus afirmaram que o reforço vacinal não é uma estratégia viável contra a pandemia.

Segundo eles, seria importante o desenvolvimento de vacinas que, além de evitar quadros severos de Covid-19, consigam barrar a transmissão do vírus para conter “a necessidade de medidas sanitárias e sociais rigorosas e em grande escala”.

Samuel Fernandes/Folhapress
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