Foto: Mateus Pereira/Arquivo/GOVBA
Comandante-geral da PM, Paulo Coutinho, sem o qual a situação poderia ser pior 12 de maio de 2022 | 08:05

Violência pode ascender entre temas da campanha na Bahia, por Raul Monteiro*

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Se a escalada da violência continuar no ritmo atual até o início oficial da campanha, será difícil evitar que a segurança pública se torne um dos seus assuntos dominantes, ao lado daqueles relacionados à saúde e ao desemprego. Trata-se de tema que, independentemente de ser multifatorial e, como o noticiário vem mostrando, nacional, tende a favorecer abertamente os candidatos de oposição em detrimento daquele que representa a continuidade do governo. O fato de três policiais terem sido assassinados na semana passada na Bahia, claramente em emboscadas armadas por bandidos, provavelmente acendeu o sinal amarelo na campanha governista.

Levando-se em conta que dois foram atacados depois de terem participado do sepultamento do primeiro, com quem trabalhavam, não é difícil interpretar que a ação dos criminosos foi um exemplo de afronta ao poder do Estado, que usa agora os recursos disponíveis para prender os assassinos e dar uma resposta rápida à sociedade. É fato que o governador Rui Costa (PT) sempre passou a imagem de um gestor, além de preocupado com a violência, duro no combate ao crime. Seguiu com um secretário de Segurança competente, Maurício Barbosa, até decidir demiti-lo no ano passado por motivos alheios às suas ações contra o tráfico e a criminalidade.

A substituição ficou, no entanto, aquém da merecida pelo Estado. Basta observar que, enquanto a insegurança se instala, motivada pela ousadia e agressividade cada vez mais ostensiva dos meliantes, e escolas são obrigadas a fechar na periferia de Salvador à espera de que um mínimo de tranquilidade seja restabelecido, os baianos não viram até agora um pronunciamento do secretário de Segurança Pública, destinado a confortar as vítimas e repelir o medo que se espalha. Sem uma liderança firme no comando da Segurança, que mostre a cara, apresente e justifique as medidas que o Estado está tomando ou adotará, pouco pode fazer um comando forte na Polícia Militar.

Aliás, neste momento crítico, é exatamente na figura firme e enérgica do coronel Paulo Coutinho, comandante-geral da PM, cuja competência e o respeito entre os pares são conhecidos, que o governo tem se sustentado, depois de uma escolha acertada para a posição feita, também no ano passado, pelo governador. O próprio Rui, que, diga-se de passagem, nunca descuidou dos investimentos na corporação, compatibilizando-o com outros nas demais áreas de atuação do Estado, anunciou medidas para dotar a PM de melhores condições para atuar, inclusive, com a compra de fuzis – exatamente a arma que matou o primeiro policial – para os profissionais da segurança.

Ainda assim, caso o assunto prospere, incentivado por novas e assustadoras ocorrências, como a de um assalto na última terça-feira a um restaurante em Lauro de Freitas onde uma senhora foi barbaramente espancada a chutes e socos por dois integrantes de um bando armado que invadiu o estabelecimento, será um desafio para o candidato do governo, Jerônimo Rodrigues (PT), responder às acusações e questionamento dos concorrentes, principalmente do favorito nas pesquisas, ACM Neto (DEM), que já incluiu o tema há tempo em suas manifestações e tem obtidos bons resultados com as abordagens, conforme asseguram levantamentos de sua equipe.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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