Foto: Acervo pessoal/Arquivo
Luciano de Freitas Musse trabalhava com pastores e foi nomeado no MEC 22 de junho de 2022 | 16:10

Ex-assessor do MEC ligado a pastores também é preso em operação que atingiu Milton Ribeiro

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Entre os presos na operação da Polícia Federal que atingiu o ex-ministro Milton Ribeiro está Luciano de Freitas Musse, um advogado ligado aos pastores e que trabalhou no MEC (Ministério da Educação) durante 11 meses.

A polícia investiga um balcão de negócios na pasta. A operação foi desencadeada nesta quarta-feira (22) e prendeu Ribeiro e o pastor Gilmar Santos, que negociava junto com Arilton Moura a liberação de obras.

Também foi detido Helder Bartolomeu, ex-assessor da Secretaria de Planejamento Urbano da Prefeitura de Goiânia.

O advogado Luciano de Freitas Musse foi nomeado por Milton Ribeiro para o cargo de gerente de projetos no MEC em abril de 2021 e só foi demitido em março deste ano, após a saída do titular da pasta.

Antes disso, ele integrava o grupo dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e esteve em ao menos três encontros oficiais com o ex-ministro.

Musse frequentava um hotel e um restaurante em Brasília usado pelos religiosos para negociar com prefeitos, inclusive quando já estava no MEC. Relatos colhidos pela reportagem com prefeitos e assessores indicam que ele teria recebido recursos em nome dos pastores nas negociações de liberações de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

Musse chegou ao cargo depois que o MEC não conseguiu nomear o próprio pastor Arilton Moura. A pasta trabalhou oficialmente para colocar Moura na pasta, mas a nomeação não passou pela Casa Civil, como a Folha revelou.

Já Helder Bartolomeu fazia parte da comitiva dos pastores. Ele esteve em um evento em Nova Odessa (SP) com o ministro e pastores, em agosto do ano passado.

Foi a partir deste evento que Nova Odessa que uma denúncia da atuação dos pastores foi levada a Milton Ribeiro. Antes de realizar essa agenda, o prefeito de Piracicaba teria recebido pedido de dinheiro para que o município abrigasse esse evento, transferido depois para Nova Odessa após recusa de pagamento.

A Folha ainda não conseguiu contato com as defesas de Musse e de Bartolomeu.

Ao todo, são cumpridos nesta quarta 13 mandados de busca e apreensão e 5 de prisões em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal. A sede do MEC em Brasília também foi alvo dos policiais, que passaram praticamente toda a manhã na pasta.

O atual ministro da Educação, Victor Godoy Veiga, concedeu breve entrevista em que falou que a pasta colabora com as investigações e negou ter conhecimento de qualquer irregularidade. Veiga era número 2 de Ribeiro antes de assumir o posto, esteve com os pastores e assinou solicitação de nomeação de Arilton Moura.

“Nunca tive conhecimento de qualquer tipo de postura do ex-ministro na minha frente que pudesse me levar a qualquer tipo de desconfiança”, disse Veiga.

Milton Ribeiro se desligou do cargo uma semana após a Folha revelar áudio em que ele falava em priorizar pedidos do pastor Gilmar sob orientação do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Paulo Saldaña e Fabio Serapião, Folhapress
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