Foto: Luisa Gonzalez/Reuters/Folhapress
Gustavo Petro, presidente eleito da Colômbia, ao lado de sua vice, Francia Marquez 21 de junho de 2022 | 17:00

Itamaraty parabeniza Petro e diz que Brasil quer aprofundar relações com Colômbia

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Mais de 24 horas após Gustavo Petro se tornar o primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia, no domingo (19), o Itamaraty emitiu nota em nome do governo brasileiro o parabenizando pela eleição.

“Ao desejar ao presidente eleito êxito no desempenho de suas funções, o governo brasileiro reafirma seu compromisso com a continuidade e o aprofundamento das relações com a Colômbia, com vistas ao bem-estar, prosperidade, democracia e liberdade de nossos povos”, afirmou o ministério nesta terça-feira (21).

O presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não se pronunciou oficialmente sobre o novo líder colombiano. Na segunda-feira (20), no entanto, em uma lista de transmissão de mensagens que ele mantém no WhatsApp, questionou se o Brasil seria o próximo país a eleger um líder de esquerda.

Bolsonaro encaminhou no grupo uma imagem de uma reportagem da BBC News Brasil que tem o título “Ex-guerrilheiro vence eleição na Colômbia e será primeiro presidente de esquerda do país”. Na sequência, escreveu: “Cuba… Venezuela… Argentina… Chile… Colômbia… Brasil???”, numa referência ao fato de a esquerda, com Lula, ter chance de voltar ao poder no país.

Também nesta segunda, Bolsonaro comentou com apoiadores o sequestro do empresário Abílio Diniz por grupos de esquerda, em 1989. Quando uma pessoa citou a Colômbia na conversa, o presidente comentou: “É um ex-guerrilheiro do MIR, movimento de esquerda revolucionária”. A fala, porém, não deixou claro se ele falava de Petro —ex-guerrilheiro do M-19— ou à participação de membros do chileno MIR no sequestro.

A reportagem questionou o Palácio do Planalto para saber se Bolsonaro se referia, ou não, ao novo presidente da Colômbia, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem. Já o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirmou que a relação entre as duas nações independe do governo de momento. “A relação é de Estado para Estado, independentemente do governo”, disse.

“[Desejo] sorte ao Gustavo Petro, porque administrar um país na situação que o mundo está enfrentando não é simples. Temos interesses comuns com os colombianos, principalmente na questão da Amazônia”.

Segundo ministros e interlocutores de Bolsonaro, o presidente também chamou a atenção para a alta abstenção da eleição colombiana. O voto não é obrigatório no país, e cerca de 45% dos cidadãos aptos a votar não compareceram às urnas. Ainda que alta, a cifra configura a menor abstenção em duas décadas.

Bolsonaro estaria preocupado com uma alta abstenção no Brasil, mesmo com o voto obrigatório.

A vitória de Petro amplia o isolamento de Bolsonaro no continente. Se considerados apenas os vizinhos mais próximos, oito dos 12 países da América do Sul passaram a ser governados por líderes de esquerda, cenário bem diferente daquele que o presidente brasileiro encontrou ao assumir o Planalto, em 2019.

Além disso, a eleição do ex-guerrilheiro teve outro simbolismo: foi reconhecida por seu adversário no segundo turno da eleição, Rodolfo Hernández, menos de uma hora depois da divulgação dos resultados.

João Gabriel/Folhapress
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