Foto: Gabriela Biló/Estadão/Arquivo
Bolsa de Valores 04 de julho de 2022 | 20:00

Bolsa aprofunda queda enquanto juros e dólar sobem mais um pouco

economia

O mercado de ações doméstico fechou em baixa nesta segunda-feira (4), dia em que o volume de negócios ficou reduzido devido ao feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos. Metade dos investidores da Bolsa de Valores brasileira é composta por estrangeiros.

Ao final da sessão, o Ibovespa, índice de referência da Bolsa, caiu 0,35%, a 98.608,76 pontos.

A desvalorização internacional dos contratos futuros de minério de ferro prejudicou o desempenho do setor de commodities metálicas, um dos mais importantes na composição do Ibovespa. A Vale caiu 0,73%.

Mas a alta do petróleo favoreceu a Petrobras, que é igualmente relevante para índice. Os papéis mais negociados da companhia subiram 2,07%.

Pesando os fatores que influenciaram o resultado do dia na Bolsa, analistas voltaram a sinalizar preocupação com aprovação pelo Senado na semana passada da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estabelece um estado de emergência para ampliar e criar novos auxílios sociais.

A Bolsa vem apresentando prejuízos devido a um cenário que mistura medo de uma forte desaceleração nas principais economias do planeta e risco de que o governo brasileiro provoque prejuízos à execução futura do Orçamento ao aumentar gastos em uma tentativa de melhorar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputará a reeleição.

“Para além do aumento de gastos, a piora na percepção de risco em relação ao país é impulsionada especialmente pelas seguidas mudanças no arcabouço fiscal e legislativo, enfraquecendo a visão de estabilidade institucional no país”, comentou Álvaro Feris, especialista de investimentos da Rico.

No fechamento do segundo trimestre de 2022, o Ibovespa afundou 17,88%. Esse foi o pior resultado desde o mergulho de 36,86% apurado no encerramento do primeiro trimestre de 2020. Com queda mensal de 11,5%, o Ibovespa também teve em junho o seu pior mês desde o tombo de 29,9% em março de 2020.

As taxas de juros dos contratos DI (Depósitos Interbancários) voltaram a apontar para o alto após alguns dias de trégua na semana passada. Negociada entre bancos, a taxa DI sobe quando o setor espera que o Banco Central será obrigado a aumentar os juros básicos (Selic) para segurar a inflação.

Nos contratos com vencimento em janeiro de 2024, a taxa DI passou de 13,32% para 13,47% ao ano.

“As curvas de juros seguem pressionadas e têm viés de alta com investidores de olho na PEC dos benefícios e na divulgação do IPCA [inflação oficial] na próxima sexta-feira [08]” disse Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.

DÓLAR TEM LEVE ALTA APÓS MAIOR ESCALADA EM CINCO MESES

O dólar fechou em leva alta de 0,05%, a R$ 5,3250. Na semana passada, a moeda americana atingiu a maior cotação em cinco meses.

Investidores tendem a comprar ativos ligados ao dólar, principalmente títulos do Tesouro dos Estados Unidos, quando os juros americanos sobem ou se há incertezas sobre o crescimento da economia global. As duas coisas estão acontecendo neste momento.

Inseguranças de investidores quanto à capacidade do governo brasileiro em garantir o equilíbrio fiscal também influenciam a alta da taxa de câmbio, pois a segurança dos ativos em dólar fica mais atraente nessa circunstância. Essa é uma situação também influenciada pela PEC dos auxílios.

Apesar do temor de desaceleração da economia mundial ter gerado expectativas sobre desvalorizações de commodities, o preço do petróleo bruto voltou a subir no mercado internacional após três dias em queda.

No início da noite, o barril do Brent avançava 1,68%, a US$ 113,50 (R$ 601,91).

A alta era impulsionada por riscos crescentes de limitação da oferta após a Opep (cartel de países exportadores) sinalizar incapacidade de aumentar a produção, enquanto a Rússia ameaça reduzir sua oferta.

Clayton Castelani/Folhapress
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