Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil/Arquivo
Dólar 06 de julho de 2022 | 18:05

Dólar sobe a R$ 5,42 com investidores à espera de recessão

economia

Em mais um dia de turbulência no mercado financeiro, investidores terminaram esta quarta-feira (6) com posturas menos pessimistas após avaliarem a ata do Fed (Federal Reserve). O banco central americano divulgou nesta tarde o relatório da reunião que, em 15 de junho, resultou na maior alta da taxa de juros no país desde 1994.

Analistas buscavam no documento pistas sobre os riscos de uma recessão nos Estados Unidos, cuja percepção poderia ser reforçada caso a ata sinalizasse claramente que a autoridade será igualmente ou ainda mais agressiva na sua próxima reunião. Esse temor não foi confirmado.

Bolsas internacionais, que amanheceram negativas, entregaram ganhos. A Bolsa de Valores brasileira também subiu. O índice de referência para as ações domésticas, o Ibovespa, avançou 0,43%, a 98.718 pontos.

Apesar disso, riscos do exterior e domésticos provocaram nova alta do dólar contra o real.

Ao final do pregão, moeda americana fechou negociada com valorização de 0,64%, a R$ 5,4220, em seu maior patamar desde 27 de janeiro. Durante o pregão, a divisa chegou a saltar aos R$ 5,4620.

“A alta do dólar é global e o motivo ainda é o mesmo [dos últimos dias]: o cenário de cautela generalizada em meio ao crescente risco de recessão”, comentou Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

Além da alta da divisa americana, o preço de referência do barril do petróleo bruto chegou a ser negociado abaixo de US$ 100 (R$ 555), patamar ao qual a commodity não é rebaixada na sua cotação de fechamento desde 11 de abril.

A commodity cai sempre que existe a expectativa de redução na demanda por energia, o que seria uma das consequências de uma crise na economia mundial.

Após a ata do Fed, porém, o barril do petróleo Brent passou a ser negociado a US$ 100,50 (R$ 558). Ainda assim, caía 2,21%, após ter tombado 9,45% na véspera.

No Brasil, a queda da matéria-prima provocava uma baixa de 1,28% nas ações mais negociadas da Petrobras.

O mercado procura entender o quão agressivo o Fed será ao dar continuidade na elevação da sua taxa de juros.

Uma postura mais dura da autoridade no aperto ao crédito, necessário para frear a maior inflação em 40 anos nos Estados Unidos, poderá ampliar a expectativa sobre o risco de forte desaceleração econômica global.

Na Bolsa de Nova York, o indicador S&P 500 subiu 0,36%. O Dow Jones avançou 0,23%. O índice do setor de tecnologia, o Nasdaq, ganhou 0,35%.

Não é só a pressão do exterior que afeta os investimentos no Brasil. O mercado financeiro doméstico enfrenta riscos adicionais devido à postura do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, que vem adotando medidas para ampliar benefícios sociais ao custo do aumento dos gastos públicos.

Com um horizonte de forte desaceleração da economia global, investidores temem prejuízos à execução futura do Orçamento, pois há tendência de queda na arrecadação a partir do próximo ano. É o que analistas chamam de risco fiscal.

No centro das preocupações fiscais, neste momento, está a PEC (proposta de emenda à Constituição) que autoriza bilhões para caminhoneiros, taxistas e Auxílio Brasil em ano eleitoral, cujo relatório foi lido na comissão especial na noite de terça-feira (5).

A expectativa é que a votação no colegiado ocorra na quinta-feira (7). Depois, o texto segue para plenário, onde precisa do apoio mínimo de 308 deputados, em votação em dois turnos.

Clayton Castelani/Folhapress
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