13 dezembro 2024
O dólar abriu em alta nesta quinta-feira (1°), com investidores repercutindo as decisões de juros dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos, divulgadas na tarde de ontem.
Por volta das 9h05, a moeda norte-americana subia 0,32% e estava cotado a R$ 5,6740.
A tônica dos mercados desta semana tem sido as decisões de política monetária do BC (Banco Central) e do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).
Confirmando a expectativa, o Fed manteve a taxa de juros de referência inalterada na faixa de 5,25% e 5,5%. No comunicado, a autarquia abriu espaço para interpretações de que o ciclo de afrouxamento monetário poderá ter início na próxima reunião, marcada para 17 e 18 de setembro, à medida que a inflação continua convergindo à meta de 2%.
Segundo o Fed, os preços agora estão apenas “um pouco elevados”, a primeira suavização na linguagem desde que o banco central deu início à batalha contra a inflação, classificada como “elevada” nos últimos comunicados.
A autarquia usa o PCE (índice de preços de gastos com consumo, em inglês) para sua meta de inflação anual de 2%. O índice subiu 2,5% em junho, depois de ultrapassar 7% em 2022.
Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o comunicado “não foi explícito” em sinalizações sobre futuras reuniões, mas “abriu muito a possibilidade de um corte em setembro, a partir dos dados monitorados pelo Fed”.
“Temos um processo de desinflação acelerado, e, ao mesmo tempo, a percepção de que a própria atividade econômica está desacelerando. Se os juros não caírem em setembro, certamente cairão nas outras duas reuniões do ano”, afirma.
“A discussão agora é sobre os efeitos da taxa de juros elevada sobre a economia, com riscos de recessão depois do início da queda de juros.”
Em coletiva de imprensa após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o comitê “não tomou decisão nenhuma sobre reuniões futuras”. No entanto, acrescentou que, como a autarquia tem ganhado confiança de que as pressões sobre os preços estão mais moderadas, “a economia está se aproximando do ponto em que será apropriado reduzir nossa taxa de juros”.
Uma taxa alta nos Estados Unidos, tidos como a economia mais segura do mundo, desestimula investimentos em ativos de risco por puxar os investidores à renda fixa norte-americana (os chamados Treasuries, títulos ligados ao Tesouro dos EUA).
Isso significa que, quanto mais o banco central norte-americano cortar os juros, melhor para o real e outras moedas emergentes.
Já o BC, também como esperado, manteve a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano pela segunda vez consecutiva. No comunicado que sucedeu a decisão, porém, o Copom adotou um tom mais duro e enfatizou a necessidade de “maior vigilância” diante das conjunturas doméstica e internacional, que demandam “acompanhamento diligente e ainda maior cautela”.
“Os impactos inflacionários decorrentes dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação, caso esses se mostrem persistentes, corroboram a necessidade de maior vigilância”, disse a cúpula do BC em trecho do documento.
O colegiado ressaltou o cenário global incerto e o ambiente doméstico marcado pela resiliência da atividade econômica, pela elevação das suas próprias projeções de inflação e pela piora das expectativas.
“O mercado estava esperando um comunicado que abrisse a possibilidade de um aumento da taxa de juros”, avalia Beto Saadia, diretor de Investimentos da Nomos.
“Todos os outros itens foram de certa forma rigorosos, mas o fato de não ter aberto a possibilidade de alta, pode ser que o mercado reaja um pouco mal, subindo com a curva longa de juros.”
Na véspera, o dólar fechou em alta de 0,64%, cotado a R$ 5,653, e a Bolsa avançou 1,20%, aos 127.651 pontos.
Folhapress