14 dezembro 2024
Mea culpa
Na entrevista ao PolíticaPod, na segunda (11), ACM Neto reconheceu que cometeu equívocos na eleição de 2022, quando perdeu para o governador Jerônimo Rodrigues (PT). Disse que errou ao firmar uma aliança com tantos partidos (13) e na organização da agenda de viagens. Sobre a escolha pela empresária Ana Coelho (Republicanos) como vice, o que é apontado por aliados como um dos fatores para a derrota, admitiu apenas que não deveria ter anunciado o complemento da chapa de última hora.
Roma esquecido
Embora seja o candidato natural da oposição para concorrer ao governo da Bahia novamente em 2026, ACM Neto citou, na entrevista ao podcast do Política Livre, outros três nomes que também poderiam encabeçar ou compor a chapa: os prefeitos de Salvador, Bruno Reis (União), de Jequié, Zé Cocá (PP), e de Itapetinga, Rodrigo Hagge (MDB). Não fez qualquer menção espontânea ao presidente do PL baiano, João Roma, que, agora aliado de Bruno, tem dito que é pré-candidato.
Orelha em pé
As especulações de que Bruno Reis pode ser candidato em 2026 deixam o deputado federal Leo Prates (PDT) de orelha em pé. Pessoas próximas do pedetista garantem que o prefeito prometeu completar o segundo mandato. Caso isso não ocorra, a vice Ana Paula Matos (PDT) assume a titularidade na condição de forte candidata à reeleição em 2028. Leo tem dito no meio político que Bruno prometeu apoiá-lo em 2028. Para isso, deve, inclusive, assumir uma secretaria de peso na segunda metade do novo governo.
Festa surpresa
Na segunda (11), durante uma festa surpresa no Palácio Thomé de Souza para comemorar o aniversário de Ana Paula, o prefeito de Salvador fez uma observação que para muitos soou como um sinal do que pode ocorrer em 2026 ou 2028. Na presença de vereadores, inclusive do presidente da Câmara Municipal, Carlos Muniz (PSDB), de lideranças e de todo o staff da Prefeitura, Bruno ressaltou a força da vice. “Olha quanta gente. Ana está com prestígio mesmo. Ou vocês estão pensando no futuro?”, brincou.
Esperou a ligação
Já os elogios de ACM Neto a Zé Cocá são vistos como uma estratégia de tentar segurar o PP na oposição. Considerado um dos erros estratégicos do governador na eleição municipal, a ida de Jerônimo a Jequié na reta final da disputa, quando subiu no palanque do adversário Alexandre Iosseff (PSD) – que terminou com apenas 8,3% dos votos válidos – pesa a favor do movimento de Neto, mesmo o ex-prefeito de Salvador tendo ignorado Cocá depois do pleito de 2022 e ao longo de todo o ano de 2023.
O padrinho sou eu
Vale lembrar que, apesar do expressivo resultado eleitoral deste ano, quando Zé Cocá demonstrou força ao ser reeleito com quase 92% dos votos sem precisar do apoio de caciques da política baiana, ACM Neto perdeu para Jerônimo em Jequié na eleição de 2022. Também foi derrotado em toda a microrregião onde Cocá tonalizou a musculatura e se cacifou como um player importante para 2026. O pepista teve influência direta na vitória de aliados em 17 municípios.
Espumas na UPB
Candidato à presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB), Wilson Cardoso (PSB), prefeito de Andaraí, se reuniu esta semana com o atual comandante da instituição, Quinho (PSD), gestor de Belo Campo, e avisou que quer chefiar a entidade por quatro anos, e não por dois. Ou seja, antes mesmo de vencer, já disse que é candidato à reeleição. Wilson disse que precisa de dois anos para “arrumar a casa” e mais dois para colocar os projetos que tem em prática. Em respeito aos ‘mais velhos’, Quinho ouviu em silêncio, mas, após o encontro, espumou de raiva.
Confiança em alta
Wilson, que já tentou ser presidente da UPB em duas ocasiões, está com a confiança em alta porque tem o apoio de Zé Cocá e uma relação próxima com o senador Jaques Wagner (PT), de quem é amigo pessoal. Quinho, por sua vez, tende a apoiar a candidatura do prefeito de Ituaçu, Phellipe Brito (PSD), com quem também se reuniu esta semana. Os dois postulantes também estiveram nesta terça (13) na Assembleia, onde oportunamente deram coletivas aproveitando a presença da imprensa.
Acomodar Quinho
Por falar em Quinho, ele virou uma opção para comandar a Secretaria de Desenvolvimento Urbano. O governador tem emitido sinais de que quer mexer na pasta na reforma administrativa. A titular Jusmari Oliveira (PSD) tem um desempenho questionado. A mudança não alteraria o espaço do PSD, acomodaria Quinho – cuja liderança municipalista é apreciada por Jerônimo – e até mesmo Jusmari, que reassumiria o mandato na Assembleia em janeiro. Falta alinhar com o senador Otto Alencar, presidente da sigla na Bahia.
Projeto Conquista
O PSD tem interesse em manter Quinho em evidência. O projeto do partido é viabilizar a candidatura do atual presidente da UPB à Prefeitura de Vitória da Conquista em 2028. Na eleição deste ano, o prefeito de Belo Campo, além de eleger o sucessor, Neto Fidélis (PSD), também emplacou a esposa Leia de Quinho (PSD) como a segunda mais bem votada para uma cadeira na Câmara Municipal da Suíça baiana. Quem não gosta nada da ideia é o PT, que pode criar resistências a ter o presidente da UPB no governo.
Governador constrangido
Outro que Jerônimo quer tirar na reforma administrativa é o chefe da Casa Civil, Afonso Florence (PT). Só que Afonso se nega a sair e tem constrangido Jerônimo, que estaria sem coragem de demitir o aliado e deputado federal licenciado.
No Chile
O vice-governador da Bahia, Geraldo Jr. (MDB), candidato derrotado à Prefeitura de Salvador, resolveu tirar uns dias de descanso no Chile. Ele foi visto embarcando em plena segunda (11) no Aeroporto Internacional Deputado Luis Eduardo Magalhães rumo ao país andino quase sob disfarce. Mas a Radar do Poder soube por um viajante que estava na mesma fila e registrou o momento, impressionando com a profusão de malas e bolsas Louis Vuitton do vice-casal e de uma dupla que o acompanhava.
Peso morto
Geraldo Júnior, por sinal, decidiu não reivindicar nada na reforma administrativa de Jerônimo. Ao contrário do que fez na montagem inicial do governo, quando tentou abdicar para si a indicação do secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, e perdeu a queda de braço dentro do próprio partido, dessa vez decidiu ficar quietinho. Nem sugestões tem dado, convicto de que o desprestígio lhe caiu sobre a alma depois do fiasco eleitoral em Salvador. Virou um “peso morto” nas articulações políticas do Executivo estadual.
Boatos afastados
Ao participar de mais um curso de aperfeiçoamento na área em que atua, na semana passada, em São Paulo (SP), o secretário de Mobilidade de Salvador, Fabrizzio Muller, afastou os boatos internos de que pode deixar, por decisão própria, o cargo na reforma administrativa de Bruno Reis. O subsecretário da pasta, Kaio Moraes, que é uma espécie de “coringa” na estrutura municipal desde o governo de ACM Neto, seguiu o exemplo ao participar, também na semana passada, de um congresso em Aracaju (SE).
Federal de Andrei
Na semana passada, a coluna informou que o deputado estadual Roberto Carlos (PV) seria, em 2026, o candidato a deputado federal apoiado pelo prefeito eleito de Juazeiro, Andrei Gonçalves (MDB). Entretanto, até mesmo diante da relutância do “verde” em aceitar a missão, o nome mais forte para entrar na disputa é o do deputado estadual Zó do Sertão (PCdoB), a primeira liderança de peso no campo da esquerda no município a declarar apoio a Andrei. Zó já disse que topa e começa a se articular.
Pitacos
* Porto Seguro e Eunápolis deram votos a diversos deputados, estaduais e federais. E são os dois municípios com maior índice de violência, inclusive invasões de terras produtivas. Porém, ainda não obtiveram retorno de seus representantes.
* Diante da situação em que se encontra a região, líder do turismo na Bahia, seria de se esperar o mínimo de preocupação dessa turma, que parece mais preocupada em curtir as “férias” do período pós-eleitoral do que em trabalhar de fato.
* Bruno Reis e os prefeitos eleitos ou reeleitos de Feira de Santana, José Ronaldo, e de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, embarcam no final desta semana para Londres, na Inglaterra, para um intercâmbio a convite do partido deles, o União Brasil.
* A informação sobre a viagem já havia sido antecipada pelo Política Livre na semana passada. Foram convidados vitoriosos da sigla nas eleições deste ano em cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes. ACM Neto acompanha o grupo.
* De fora da viagem a Londres, o prefeito eleito de Ilhéus, Valderico Júnior (União) disse que pretende fazer uma administração inspirada na gestão de ACM Neto em Salvador, marcada por uma “visão inovadora”.
* “O governo Jerônimo será marcado como o que mais endividou a Bahia, pois até agora não vemos outra”, diz o líder da oposição na Assembleia, Alan Sanches (União), sobre o 15º empréstimo aprovado pela Casa a pedido do Executivo.
* Wilson Cardoso (PSB), prefeito de Andaraí e candidato à presidência da UPB, chamou os jornalistas na Assembleia para anunciar a criação de um espaço decente para a imprensa na sede da entidade. Certamente ganhou muitos votos.
* E ainda sobre a UPB, o maior estimulador da candidatura do prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), ao comando da entidade é o deputado federal Paulo Magalhães (PSD).
* O PL contratou o advogado José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff (PT), para a defesa do prefeito reeleito de Porto Seguro, Jânio Natal, filiado à sigla, no processo que pede a cassação do registro da candidatura.
* A ação, movida pela coligação derrotada, encabeçada pela deputada estadual Cláudia Oliveira (PSD), pede a cassação alegando que Jânio disputou a segunda reeleição, pois venceu em Belmonte em 2016 e foi diplomado, embora sem tomar posse.
Política Livre