17 fevereiro 2025
O senador Angelo Coronel (PSD) enviou o filho e deputado federal Diego Coronel (PSD) para acompanhar de perto a eleição para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, realizada na tarde desta segunda-feira (03). O movimento demonstra que o senador não desistiu de fortalecer o posicionamento político na Casa mirando as eleições de 2026.
Diego, que já foi deputado estadual, ficou o tempo inteiro no plenário durante a votação dos parlamentares e a apuração. Em alguns momentos, ocupou o espaço reservado aos deputados que comandaram a sessão, presidida por Nelson Leal (PP). Vale lembrar que outro herdeiro do senador é integrante da Assembleia: Angelo Coronel Filho (PSD), que participou da eleição.
Segundo apurou o site, a família Coronel vai tentar se aproximar ainda mais do deputado Adolfo Menezes (PSD), reeleito hoje para o terceiro mandato como presidente da Assembleia, e principalmente da deputada Ivana Bastos (PSD), que ficou com a 1ª vice-presidência. Isso porque a parlamentar, que é mais ligada ao senador Otto Alencar (PSD), pode assumir o comando do Legislativo baiano por conta da fragilidade jurídica da recondução de Adolfo.
Já há jurisprudência no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a segunda recondução de integrantes dos poderes legislativos para os mesmos cargos da Mesa Diretora, o que é o caso de Adolfo. Atualmente, a Constituição baiana e o regimento interno da Assembleia são omissos sobre a convocação de nova eleição em caso de vacância da presidência. Ou seja, as chances de Ivana assumir o comando da Casa, e de permanecer na cadeira por tempo indeterminado, são factíveis.
Ter Ivana como aliada pode ser um trunfo para Coronel se a deputada assumir a presidência da Assembleia e virar uma defensora da presença do senador na chapa governista em 2026 num momento em que as principais lideranças do PT, incluindo o senador Jaques Wagner, têm pregado que o lugar seja reservado ao ministro da Casa Civil, o petista Rui Costa.
Ainda durante as articulações na Assembleia para se viabilizar entre os pares como candidata a vice-presidente, Ivana contou com o apoio considerado importante de Angelo Filho, que, por orientação do pai, a conduziu em reuniões com parlamentares que sofrem a influência direta do senador.
O site apurou que a família Coronel considera que Ivana tem um perfil mais aguerrido do que o de Adolfo Menezes, dono de um estilo conciliador e que nunca confrontou o governo nos últimos quatro anos em que comandou Assembleia. Ou seja, a deputada do PSD poderia se tornar uma defensora dos interesses do partido, endurecendo o jogo na Casa para o governo. Vale lembrar que a presidência da Assembleia pode travar a votação de projetos do Executivo.
Por conta disso é que Angelo Coronel defendia que a 1ª vice-presidência ficasse com Angelo Coronel Filho, que chegou a ser lançado ao posto quando o PT tinha como candidato à vaga o deputado Rosemberg Pinto. Entretanto, o petista articulou um acordo com o governo e com os líderes partidários da Assembleia para sair de cena e lançar Ivana, que sempre teve o aval do senador Otto para ser a sucessora de Adolfo, minando também as chances de Angelo Filho.
Antes desse acordo e quando Rosemberg Pinto era candidato a vice, Diego Coronel havia costurado, também na semana passada – e as mudanças aconteceram rapidamente -, um outro acerto com Adolfo Menezes e Jaques Wagner para que houvesse uma mudança no Regimento Interno da Assembleia visando assegurar que o substituto da presidência convocasse imediatamente uma nova eleição em caso da vacância do titular.
De acordo com deputados ouvidos pelo site, Coronel tinha esperança de que Rosemberg não aceitasse a mudança no regimento interno, mas seguisse candidato a vice, o que resultaria num bate-chapa entre o petista e Angelo Coronel Filho. O senador acreditava que o filho derrotaria o deputado do PT no bate-chapa em plenário, e depois, com a eventual queda de Adolfo, seria o presidente, fortalecendo o pai para 2026.
Por outro lado, a indicação de Ivana Bastos para a vice-presidência da Assembleia também teve o apoio do governador Jerônimo Rodrigues (PT), de Wagner e de Rui Costa, que consideram a parlamentar uma aliada tão fiel quanto Otto. Eles não acreditam que, diante do acordo firmado que a favorece e também contempla o PSD, na medida em que garante a sigla no comando do Legislativo baiano mesmo se Adolfo cair, a deputada carregue a bandeira de Coronel.
Política Livre