Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) 13 de março de 2025 | 18:00

Ato de Bolsonaro no Rio terá Tarcísio, Castro, motociata e expectativa de 1 milhão de pessoas

brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o pastor Silas Malafaia, organizadores do ato em prol da anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro em Copacabana e contra o governo Lula, esperam reunir 1 milhão de pessoas na orla da zona sul neste domingo, 16. Antes do ato, Bolsonaro é aguardado para uma motociata com apoiadores, repetindo o cenário das manifestações de 7 de Setembro de 2022 em que o então chefe do Executivo usou o bicentenário da Independência do Brasil como ato de campanha.

O contexto dos atos, no entanto, é distinto. Bolsonaro foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023, e se tornou inelegível, apesar de manter a narrativa de que será candidato nas próximas eleições e foi denunciado por tentativa de golpe de Estado, acusado de ter liderado um suposto plano golpista após ter perdido a eleição de 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ato de campanha extraoficial de Bolsonaro em 2022 em Copacabana foi cercado por críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que poderá acarretar na prisão do ex-presidente.

Desta vez, os ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, e as consequentes denúncias aos envolvidos nos atos antidemocráticos fazem parte do pano de fundo da manifestação. De acordo com Bolsonaro, o mote dos atos do dia 16 serão “Fora Lula 2026”, “Anistia Já”, liberdade de expressão, segurança e custo de vida.

O ex-presidente deve dividir o palco de um trio elétrico com o pastor Silas Malafaia, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Altineu Cortes (PL-RJ) e Gustavo Gayer (PL-GO), além dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Cláudio Castro (PL-RJ). Outros aliados ainda devem ser confirmados para compor o evento.

Até o fim da semana, Bolsonaro vai se reunir com o pastor Silas Malafaia e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para alinhar a programação oficial do ato no domingo. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara, também atua como um dos organizadores do evento.

À reportagem, Malafaia confirmou que os discursos no ato ficarão a cargo de Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Eduardo Bolsonaro, Michelle Bolsonaro e Nikolas Ferreira. Sobre a expectativa de público, Malafaia evitou fazer previsões e disse que essa projeção está sendo feita pelo próprio ex-presidente.

“Quem está dando expectativa de público é o Bolsonaro. Nenhum evento que eu faço, eu vou te dar expectativa de público. Isso é uma caixinha de surpresa”. O pastor afirmou, no entanto, que acredita em uma grande mobilização: “Eu creio que vai dar muita gente, mas a quantidade… eu não entro nessa, não entrei em nenhuma até hoje”.

Malafaia também confirmou a presença do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, no ato. A participação ocorre após a decisão de Moraes, que autorizou Valdemar a retomar contato com o ex-presidente Bolsonaro.

Nesta quarta-feira, 12, o ex-presidente voltou a afirmar, em um encontro com Costa Neto, em um restaurante em Brasília, esperar até um milhão de pessoas no ato deste domingo. Segundo ele, a tônica do seu discurso será exclusivamente sobre o PL da Anistia, pauta que é tratada como prioridade no partido.

Flávio Bolsonaro, por sua vez, classificou o ato como “o mais importante movimento pelo resgate da democracia no Brasil” e afirmou que a manifestação também será um “gesto humanitário” em apoio aos “perseguidos políticos”. O senador destacou que o evento pretende enviar um “recado ao mundo”, reforçando a narrativa de que há perseguição política contra o ex-presidente e seus aliados.

Bolsonaro aposta em ato único para demonstrar força

Desde o oferecimento da denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outros 33 investigados no inquérito do golpe, em 18 de fevereiro, o ex-presidente e seus aliados, com o senador Flávio Bolsonaro e Nikolas Ferreira, passaram a intensificar a divulgação da manifestação no Rio de Janeiro por meio das redes sociais e entrevistas. “A justiça tem pressa”, escreveu Nikolas ao compartilhar um vídeo de convocação para o ato.

Em outra frente, bolsonaristas articularam o cancelamento de manifestações que estavam previstas em outras capitais do País, como São Paulo, Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO). A decisão teve como objetivo centralizar os holofotes e reunir o maior número possível de aliados e apoiadores no Rio de Janeiro, em uma sinalização de força e unidade do bolsonarismo.

A reportagem apurou que essa estratégia também visa mostrar que Bolsonaro mantém força política, mesmo após a denúncia da PGR e diante da iminência de se tornar réu no inquérito do golpe. Aliados do ex-presidente avaliam que uma grande mobilização pode funcionar como um sinal de respaldo popular, reforçando sua presença no cenário político enquanto cresce a pressão judicial sobre o ex-presidente.

Rayanderson Guerra/Hugo Henud/Estadão
Comentários