Foto: Agência Câmara/Divulgação/Arquivo
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ) 15 de abril de 2025 | 16:49

Líder do PT diz que deputados da base não podem ‘anistiar quem tentou matar o Lula’

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O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ) afirma que os parlamentares que apoiam o projeto pró-anistia para os golpistas do 8/1 e que ao mesmo tempo mantêm cargos no governo têm uma posição “totalmente incompatível” com a administração de Lula (PT).

A frase é um recado para os deputados que, na visão do governo, tentam fincar os pés em duas canoas políticas: na de Lula, mantendo aliados em ministérios, e na de Jair Bolsonaro (PL), que prega a anistia que também o beneficia.

Ministros defendem que os aliados dos deputados sejam demitidos. A ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR), das Relações Institucionais, tem o mapa de todas as indicações de cargos federais feitas por políticos que, em tese, integram a base aliada.

Como revelou a Folha, os partidos da base do governo foram responsáveis por mais da metade das assinaturas de apoio ao requerimento de urgência protocolado nesta segunda (14) para que o projeto de anistia seja votado às pressas.

O requerimento obteve apoio de 264 deputados, dos quais 55% são de partidos com ministérios e 61% são filiados a siglas da base governista (contemplados com outros cargos de segundo escalão, mas não com ministérios). Era necessária a adesão de 257 deputados para que a proposta pudesse tramitar.

Lindbergh afirma que a divergência não é pontual, nem aceitável. “É inadmissível querer anistiar quem tentou matar o Lula”, afirma ele, referindo-se ao Plano Punhal Verde e Amarelo que, segundo investigações da Polícia Federal, foi elaborado por golpistas para assassinar o presidente, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

“É muito grave”, diz o líder do PT. Ele afirma também que os parlamentares que apoiam a anistia, que pode beneficiar pessoas que participaram de atos contra a eleição de Lula de outubro de 2022 adiante, estão “depredando novamente, de maneira simbólica, as instituições, e especialmente o Supremo Tribunal Federal”.

“Estão querendo impedir o STF de julgar”, afirma ele. O projeto prevê que os atos anistiados não podem ser objeto de análise da Corte.

“Os deputados que assinaram esse requerimento estão se associando para obstruir a Justiça, o que é crime”, diz ele. “É a extensão do 8/1, é uma violência contra as instituições”, completa.

A bancada bolsonarista mantém pressão sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, para que ele leve o projeto ao plenário. Ele tem resistido e já afirmou que não tomará uma decisão sozinho, mas sim depois de consultar o colégio de líderes partidários da Casa.

Mônica Bergamo, Folhapress
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