27 abril 2025
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), sancionou, na última segunda-feira (7), a lei que dá nome a uma rua no bairro de Fazenda Grande III em homenagem a Luiz Fernando Contreiras de Almeida — engenheiro, militante comunista e vítima da ditadura civil-militar brasileira, cuja vida foi dedicada à construção de um Brasil mais justo, democrático e livre. A proposição foi apresentada pela ex-vereadora e atual presidente da Funarte, Maria Marighella, e aprovada pela Câmara Municipal.
“Nomear uma rua com o nome de Luiz Contreiras é também inscrever na cidade a história de resistência do nosso povo. É honrar uma vida dedicada à luta por justiça social, dignidade e democracia. A homenagem prestada agora pela cidade de Salvador repara simbolicamente a violência que ele sofreu e reconhece sua contribuição decisiva para a história democrática do Brasil”, afirma Maria Marighella.
A via localizada no Acesso Local “02 – Qd B”, com início na Rua Vereadora Yolanda Pires e término no Caminho “16 – Qd B”, passa a se chamar Rua Luiz Contreiras. A nova denominação reconhece e eterniza a trajetória de um dos nomes mais relevantes das lutas políticas do século 20 no Brasil.
Resistência, coerência e coragem
Luiz Contreiras nasceu em Mundo Novo, Bahia, em 6 de junho de 1923. Formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica da UFBA em 1947 e viveu grande parte da vida em Salvador, ao lado de sua companheira Amabilia Almeida — professora, ex-deputada estadual constituinte — com quem teve três filhos.
Militante histórico do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Contreiras atravessou os principais embates políticos do país no século passado. Sua primeira prisão ocorreu no final da década de 1940, por organizar um comício na Praça da Sé em Salvador, em comemoração ao centenário do Manifesto Comunista e em defesa da legalização do PCB, então colocado na clandestinidade pelo governo Dutra. Em 1953, foi preso novamente durante a campanha “O Petróleo é Nosso”, mobilização popular que resultaria na criação da Petrobras. Sua terceira prisão ocorreu ainda aos 35 anos, quando foi levado à antiga Casa de Detenção.
Com o golpe de 1964, passou a ser perseguido pelo regime da ditadura civil-militar, e em 1975 foi preso durante a Operação Radar, que desmantelou parte da direção nacional do PCB. Na prisão, foi torturado por Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido por sua extrema crueldade nos porões do DOI-CODI, e vítima de tentativa de homicídio pelo delegado Sérgio Fleury, em uma ação ocorrida no sítio clandestino chamado “Fazendinha”, utilizado por agentes da repressão. Contreiras morreu em 2019.