05 de junho de 2025 | 14:29

Radar do Poder: Cheirinho de pizza no Paço, a alforria de Marcinho Oliveira, os conselhos de Adolpho Loyola e a porta na cara de Flávio Matos

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Pizza antecipada?

Duas semanas após a invasão da Câmara de Salvador por sindicalistas e servidores, os vereadores da base do prefeito Bruno Reis (União) ainda não ingressaram com o tão prometido processo por quebra de decoro contra o vereador Hamilton Assis (PSOL), apontado como participante e um dos incentivadores do movimento. Até ontem (04), estava definido que quem entraria com a ação hoje (05) junto à Corregedoria da Casa seria o vereador Sandro Filho (PP), que, no entanto, desistiu de encarar o psolista, beneficiado pelo passar do tempo.

Medo de Hamilton?

Sandro foi inicialmente convencido pelos aliados da base governista a patrocinar a ação com um argumento simbólico. Em Brasília, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) é alvo de um processo de cassação do mandato após agredir um militante do Movimento Brasil Libre (MBL) no Congresso Nacional. E o jovem vereador de Salvador é uma das lideranças do mesmo MBL, mas, depois de aceitar assinar a peça, recuou. Será que se sentiu intimidado por Hamilton?

Questão de ética

Até a semana passada, estava tudo certo para que o vereador Cláudio Tinoco (União) ingressasse com a representação por quebra de decoro contra Hamilton Assis, que já está prontinha. Entretanto, a bancada governista decidiu que o correligionário deveria ser um dos julgadores do processo e não o proponente. Resta deliberar se o psolista será julgado, caso haja de fato uma ação, por uma comissão processante de três vereadorores ou pelo Conselho de Ética, formado por sete.

Nomes colocados

Se a opção for pelo Conselho de Ética, o colegiado precisa ser instalado por determinação do presidente da Câmara, vereador Carlos Muniz (PSDB). A coluna apurou que os membros seriam, a princípio: Alexandre Aleluia (PL), que ocuparia a presidência por ser o corregedor da Casa, Cláudio Tinoco, Rodrigo Amaral (PSDB), Daniel Alves (PSDB), Ricardo Almeida (DC), Cris Correia (PSDB) e Randerson Leal (Podemos). Se a escolha for pela comissão processante, dois nomes estariam definidos: Aleluia e Tinoco.

Linhas de frente

Além do processo contra Hamilton na Câmara, a bancada governista já tem em mãos uma representação a ser protocolada no Ministério Público da Bahia contra o mesmo vereador, o deputado estadual Hilton Coelho (PSOL), o professor e ex-candidato a prefeito Kleber Rosa (PSOL) e o diretor do Sindicato dos Servidores da Prefeitura de Salvador (Sindseps), Bruno Carianha (PSB), todos acusados de liderar a invasão e os atos de violência na Câmara. O Executivo municipal já abriu processo administrativo contra Carianha e outros servidores envolvidos nos atos, inclusive da Guarda Civil.

Conselho de amigo

Em uma reunião na terça (03) com vereadores da oposição de Salvador, o secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, aconselhou os aliados a abandonarem a postura de defesa dos sindicalistas e manifestantes que invadiram a Câmara. A avaliação é que esse posicionamento pode estimular comportamentos semelhantes de servidores estaduais, como já aconteceu, embora sem a mesma violência, na semana passada, no plenário da Assembleia.

Promessa antiga

Neste mesmo encontro, Loyola estimulou os edis a intensificarem as críticas à gestão de Bruno Reis na área ambiental. Em contrapartida, os vereadores aproveitaram para cobrar do governo a antiga promessa, feita antes das eleições de 2024, de que a Conder atenderia algumas solicitações da bancada de oposição na Câmara Municipal por pequenas intervenções nos bairros da capital. O secretário ouviu e prometeu atuar junto ao presidente do órgão, José Trindade (PSB).

Olho em 2026

Embora tenha dito à coluna na semana passada que só decidirá neste mês de junho se o filho homônimo será candidato deputado federal, Carlos Muniz tem levado o herdeiro a uma série de reuniões políticas nos últimos dias, costurando apoios e parcerias para 2026. Nesta quarta (04), por exemplo, os dois perambularam pela Assembleia Legislativa. Uma das reuniões foi com o deputado estadual Vitor Azevedo (PL). Outra foi com o Marcinho Oliveira (União), quer que ver o futuro médico no PRD, partido agora sob a influência do parlamentar.

Carta de alforria

Por sinal, Marcinho deve receber, na semana que vem, a tão esperada “carta de alforria” do União Brasil, que dá ao parlamentar o direito de deixar a sigla antes da abertura da janela partidária sem o risco de sofrer uma ação por infidelidade. O deputado pretende protocolar o documento o mais rápido possível na Justiça Eleitoral e se filiar ao PRD, partido que tem como número o 25, famoso nos tempos áureos do carlismo e que está sendo “montado” sob a batuta do deputado federal Elmar Nascimento (União), líder político de Marcinho.

Disputa pela cabeça

O posicionamento de Marcinho não muda se houver uma federação entre o PRD e o Solidariedade. A expectativa é que a união seja selada no próximo dia 11, em Brasília. Há, no entanto, pendências sobre o comando nos estados. Na Bahia, a disputa se dá entre o deputado estadual Luciano Araújo, presidente do Solidariedade, e o ex-vereador de Salvador Adriano Meireles, nome articulado por Marcinho e Elmar para liderar o PRD. Se der Luciano, Adriano deve procurar outra agremiação. A ele já foi oferecido a presidência do Agir na Bahia, hoje ligado ao deputado estadual Júnior Muniz (PT).

Porta na cara

Candidato derrotado a prefeito de Camaçari, o ex-vereador Flávio Matos (União) esteve em Brasília esta semana para tentar uma audiência com o presidente nacional do Solidariedade, deputado federal Paulinho da Força (SP). Queria saber o que poderia ganhar de fundo eleitoral caso se filiasse, mas deu com a porta na cara, pois sequer foi recebido. Flávio, que almeja ser candidato a deputado federal, mesmo sem o apoio do ex-prefeito Antonio Elinaldo (União), fez o movimento sem procurar o comandante do Solidariedade na Bahia, deputado estadual Luciano Araújo. Ficou “queimado” na sigla.

Estima em alta

Responsável por uma unidade na atuação entre as polícias civil, federal e militar nunca vista antes na Bahia, o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, o quarto delegado egresso da PF a gerir a pasta nos governos petistas e também o mais bem-sucedido deles, está entre os mais estimados e respeitados da equipe do governador Jerônimo Rodrigues (PT) tanto pelo gestor quanto pelos colegas.

Mesmo caminho

Situação muita parecida com a de Werner vive o secretário de Turismo, Maurício Bacelar, hoje considerado um dos mais competentes entre os titulares que a pasta já teve nas três gestões petistas. Além de se relacionar muito bem com o governador e os colegas, Bacelar se notabiliza por vir reinserindo a Bahia no disputadíssimo podium dos destinos turísticos mais procurados do país.

Dupla atuação

Mas o que mais faz sucesso, especialmente na classe política, é o secretário Adolfo Loyola, que, para salvar o chefe, acaba também fazendo as vezes de comandante da Casa Civil, cujo titular, Afonso Florense, é uma unanimidade: ninguém gosta. No time dos líderes de órgãos e empresas públicas, os nomes que se destacam são os de José Trindade (Conder), Diogo Medrado (Sufotur) e Gildeone Almeida (Embasa).

Agenda na “Suíça”

ACM Neto (União) vai passar o dia em Vitória da Conquista nesta sexta-feira (06). Em ritmo de pré-campanha para o governo do Estado, ele participará de inaugurações e visita a obras, além de reuniões políticas, sempre ao lado da prefeita Sheila Lemos (União). Na semana que vem, Neto deve voltar ao sul da Bahia. A ideia é que as viagens ao interior sejam frequentes a partir de agora e feitas sem pressa.

Pitacos

* Em clima de “namoro” político com o prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), Jerônimo mandou destinar R$1 milhão de patrocínio para o município no São João. Em 2024, foram R$600 mil.

* O governador também garantiu ao prefeito de Feira, José Ronaldo (União), que irá patrocinar os festejos juninos na cidade, mesmo a Prefeitura tendo pendências com o Estado em convênios na área social, herança deixada por Colbert Martins (MDB).

* Pronto para sair do PL na janela partidária, entre março e abril do ano que vem, o deputado estadual Vitor Azevedo já recebeu convites de ao menos cinco partidos: Solidariedade, Podemos, PSD, MDB e Avante.

* Quem também pretende deixar o PL é Kátia Bacelar, amiga do presidente nacional da agremiação, Valdemar Costa Neto, e ex-comandante do movimento de mulheres da sigla na Bahia. Ela mantém conversas com o PRD, agora sob nova direção.

* Kátia, que mira a Assembleia em 2026, se tornou uma crítica ácida do presidente do PL baiano, João Roma. Ela costuma falar mal do ex-ministro com Valdemar, sobretudo por conta do pífio desempenho da legenda no pleito de 2024, e o presidente do partido adora.

* Quem recomendou a ida de Kátia ao PRD foi o irmão dela, o deputado federal Jonga Bacelar (PL), que também indicou para a sigla o ex-prefeito de Milagres Raimundo Silva, o Galego, outro pretenso candidato a deputado estadual.

* Adversários do deputado federal bolsonarista Capitão Alden dentro do próprio PL irão acompanhar de perto a agenda conjunta entre o parlamentar e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), na noite desta quinta (05), em Salvador.

* Os dois participam de um seminário sobre segurança pública organizado por ACM Neto (União). Se Alden for flagrado num momento mais reservado com o goiano, a imagem logo chegará ao ciumento ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

* Moradores de Vilas do Atlântico bateram palmas para a iniciativa da prefeita de Lauro de Freitas, Débora Régis (União), de oficializar os pequenos “condomínios” criados informalmente há anos com o fechamento de ruas por meio de guaritas da orla.

* A ex-prefeita Moema Gramacho (PT), antecessora de Débora, costumava ser alvo da ira dos moradores de Vilas. Era frequentemente acusada de não fazer nada pelo bairro de classe média e alta.

Radar do Poder, a coluna de bastidores do Política Livre
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