06 de janeiro de 2012 | 10:37
Posse e apoteose
Foi uma apoteose, coisa de profissional e com propósitos importantes bem definidos, a solenidade-festa de posse do deputado Rui Costa no cargo de secretário da Casa Civil do governo do Estado.
No entanto, não espere do repórter o leitor, por enquanto, a revelação de tais propósitos, salvo o de que o ex-secretário de Relações Institucionais – que exerceu a função durante quase quatro anos, até deixá-la para concorrer a uma cadeira de deputado e eleger-se com mais de 200 mil votos – terá na Casa Civil as funções de coordenação administrativa que sua antecessora no cargo, Eva Chiavon, exercia, somadas às de articulação política que, quando secretário de Relações Institucionais, o próprio Rui Costa desempenhava.
Se o eleitor for curioso, então perguntará qual será, daqui por diante, a função do atual secretário de Relações Institucionais, Cezar Lisboa. A resposta exata, se não for revelada formalmente pelo governo, terá de esperar algum tempo, duas, três semanas, provavelmente não mais do que isto.
Mas, desde já, valem os palpites, escorados em alguma lógica.
Supõe-se que Casa Civil absorverá as funções mais importantes da Secretaria de Relações Institucionais, deixando a esta burocracias e afazeres que não tenham a ver, não exerçam influência no projeto político traçado e discretamente conduzido pelo governador. Isto será entregue a Rui Costa, “amigo do peito” de Jaques Wagner desde os tempos em que militavam no sindicalismo e de sua inteira confiança.
Mas volto ao começo, à apoteose da posse. Estavam presentes os três senadores pela Bahia (um do PT, um do PSB, um do PDT), o presidente da Assembleia Legislativa e mais 30 deputados estaduais governistas (em período de recesso, as três dezenas representam presença maciça), muitos deputados federais, também governistas, dois ministros de estado, o das Cidades, do PP (notou-se a ausência do deputado João Leão, outra importante liderança do PP da Bahia) e o de Desenvolvimento Agrário, do PT, além da antecessora de Rui Costa na Casa Civil, Eva Chiavon, na qualidade de ministra interina (por enquanto) do Planejamento.
Só? Nem pensar.
Havia aproximadamente 200 prefeitos (a Bahia tem 417), um grande e indefinido número de vereadores e não poucos ônibus vindos do interior do estado.
A solenidade ocorreu no auditório da Fundação Luís Eduardo Magalhães, que é grande, mas não coube 200 pessoas – autoridades e deputados, inclusive – que tiveram de ficar fora do auditório.
Até parecia posse de governador. Ah, falar nisso, também compareceu o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, citado no discurso de Rui Costa (que foi aluno dele em Macroeconomia). Perguntado pelo site Política Livre se integraria o governo Wagner em alguma secretaria, surpreendentemente (ante suas passadas respostas à mesma questão) respondeu que não sabia “ainda”. Terá o leitor visto o que parece que Gabrielli viu?
Bem, talvez estas linhas e um leitor atento haja detectado pelo menos a sombra de alguns dos propósitos do retorno triunfal de Rui Costa. Mas desconfio que nem todos. Desconfiança, no entanto, não se afirma.
Vida que segue.