Eduardo Salles

Setor Produtivo

Eduardo Salles é engenheiro agrônomo com mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Está no seu terceiro mandato de deputado estadual e preside a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, além da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo. É ex-secretário estadual de Agricultura e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (CONSEAGRI). Foi presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia e da Câmara de Comércio Brasil/Portugal. Há 20 anos é diretor da Associação Comercial da Bahia. Ele escreve neste Política Livre mensalmente.

Com vocês, o pãozinho baiano

Dei entrada na Assembleia Legislativa em um projeto voltado a expandir a cadeia produtiva da mandioca na Bahia. Busco tornar obrigatória a substituição gradativa da farinha de trigo pela fécula de mandioca na indústria da panificação, até que seja atingido o percentual de 10%.

A ideia é que isso ocorra de forma escalonada ao longo dos cinco anos seguintes à aprovação do Projeto: 2% no primeiro ano; 4% no ano seguinte; 6% no terceiro ano; 8% no quarto ano; e 10% no quinto ano.

Já testada por técnicos da EMBRAPA, a mistura da fécula de mandioca com a farinha de trigo no fabrico do pão resulta em um produto saboroso, com menos glúten (vez que a fécula não contém glúten).

Em 2005, na Bahia, nossa área colhida foi de aproximadamente 357 mil hectares, que geraram uma produção de 4,6 toneladas de mandioca. Dez anos depois, a área plantada caiu para cerca de 164 mil hectares e a produção declinou para 1,8 tonelada.

A diminuição observada na área plantada e na produtividade não ocorreram apenas pela forte seca registrada na Bahia, mas por falta de incentivos à cadeia produtiva da mandioca.

A proposta que ora fazemos, o pão baiano com fécula de mandioca, tem uma composição que inclui grande parte dos produtos utilizados para o fabrico do pão francês e a adoção da mistura com o trigo não irá implicar na alteração da rotina de produção das panificadoras e nem na necessidade da aquisição de equipamentos específicos.

A ideia básica desse projeto de lei que propus à Assembleia Legislativa da Bahia é criar mercado para sustentar um processo de expansão da cadeia da mandioca no nosso Estado, o que só poderá ocorrer por meio da perspectiva concreta de comercialização do produto.

A mandioca é fundamental à economia da Bahia, especialmente do interior. É a única cultura presente em todos os 417 municípios baianos. Temos no território da Bahia cerca de 700 mil agricultores familiares, a maior parte dos quais produz mandioca.

Estimular a cadeia produtiva da mandioca e garantir mercado para a produção significa desenvolver e fortalecer a agricultura familiar na Bahia, gerando milhares de empregos.

Com a obrigatoriedade da utilização da fécula de mandioca no fabrico do pão, acreditamos que essa produção irá necessariamente crescer, criando postos de trabalho, gerando renda e fortalecendo a economia em diversas áreas do interior do Estado.

Essa obrigatoriedade prevista no projeto estimularia, ainda, a indústria de produção de fécula. Hoje, fora as pequenas fecularias de produção minúscula e praticamente doméstica, a Bahia só tem duas fecularias de maior porte, uma em Vitória da Conquista, e outra, a maior e mais avançada, no município de Lage, no Vale do Jiquiriçá.

Acrescentamos ainda ao Projeto de Lei que as panificadoras que aderirem às normas do Projeto de Lei receberão o Certificado de Responsabilidade Social, emitido pela SDR (Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural), por estimular a produção da agricultura familiar baiana. Essa não é uma luta só minha. É uma luta da Bahia, para a qual eu estou certo de contar com o apoio de todos os baianos.

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