Lucas Faillace Castelo Branco

Direito

Lucas Faillace Castelo Branco é advogado, mestre em Direito (LLM) pela King’s College London (KCL), Universidade de Londres, e mestre em Contabilidade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). É ainda especialista em direito tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET) e em Direito empresarial (LLM) pela FGV-Rio. É diretor financeiro do Instituto dos Advogados da Bahia (IAB) e sócio de Castelo e Dourado Advogados.

Contra o monopólio da mentira

Em tempos de narrativas, em que cada indivíduo ou grupo pinta a realidade segundo seus próprios interesses, imagina-se que alguma instituição oficial possa ser a portadora da verdade.

Não há anjos neutros, desprovidos de interesses e vieses, a quem confiar a tarefa de depurar a verdade em nome de um bem coletivo.

Onde a pluralidade é suprimida, a versão predominante dos acontecimentos coincide com a versão que atende aos interesses da elite dominante. O monopólio da verdade no final das contas se transforma no monopólio da mentira.

Na atualidade de redes sociais, mais do que nunca, deve-se estabelecer a ampla concorrência, a fim de se impedir a unicidade da versão, especialmente a oficial ou a de seus aliados. Todos têm o direito de apresentar sua versão dos fatos.

O caos da pluralidade de fontes ainda é, nas democracias, o critério mais seguro para a busca da informação. Como bem ironizou Mark Twain, em outra época: quem não lê jornal não está informado, quem lê, está desinformado.

Conhecendo-se a natureza humana, despe-se da ingênua noção de que a informação sempre chega aos destinatários em sua forma bruta, sem filtros. Aliás, publicar ou não publicar um fato já é, em si, uma forma de controle da informação e, portanto, uma escolha valorativa sobre quais interesses serão promovidos ou silenciados.

A democracia se fundamenta no discernimento dos cidadãos diante da pluralidade de informações – sejam elas verdadeiras, falsas ou de tons intermediários. Embora de difícil consecução, é a única alternativa capaz de minar o monopólio da mentira, ponto em que as democracias inevitavelmente perecem. Melhor a concorrência de mentiras do que o monopólio de uma suposta verdade.

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