Adriano Peixoto

Relações de Trabalho

Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.

De boas intenções ….

…diz o dito popular, o inferno está cheio. Hoje acordei pensando naquelas ideias que são apresentadas à população com pompa e circunstância e que, trajadas das melhores intenções, trazem embutido o gene da ineficiência, da burocracia e do aumento de custos, sem que os benefícios pretendidos sejam sequer vislumbrados. Todas as propostas dessa categoria têm dois aspectos em comum: eles são apresentados como sendo do interesse do cidadão/consumidor; e elas se caracterizam por uma profunda desconsideração (ou desconhecimento) dos princípios racionais que guiam a produção e a comercialização de bens e serviços.

O ex-ministro Nelson Jobim deu exemplar contribuição nessa direção ao sugerir que as empresas de aviação deveriam ser obrigadas a aumentar o espaço entre as poltronas já que os passageiros grandes não teriam conforto ao viajar. Tem razão o ex-ministro, o único problema é que aviões “apertados” são uma das razões que explicam o barateamento dos custos da passagem e da popularização desse meio de transporte.

Aqui na Bahia temos o exemplo recente da deputada que pretende proibir a impressão em papel térmico no estado, aquele utilizado nos recibos dos caixas automáticos dos bancos, nos comprovantes das máquinas dos cartões de crédito e pelas máquinas de cupom fiscal.A intenção é até boa, mas esse foco exclusivo no consumidor faz com que aspectos importantíssimos relacionados à tecnologia dos equipamentos disponíveis, custos de adaptação, manutenção, logística e produção desta “jabuticaba”, que só floresceria em território baiano, sejam solenemente desconsiderados e que todos os seus custos associados (que não são poucos) não sejam levados em consideração.

É possível que uma explicação para essas propostas esdruxulas esteja localizada no campo da política, seriam os famosos factoides. Talvez o grande problema seja uma questão de foco. Nesse caso, precisamos parar de olhar fixamente para os problemas e nos concentrarmos mais intensamente na busca de soluções. Entretanto, é possível que nossos gestores estejam querendo legislar sobre algo que eles desconhecem completamente e cujos impactos eles não conseguem avaliar, nesse caso, só nos resta “pedir a Deus” que tenha pena de nós. Pois de boas intenções…

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