23 novembro 2024
João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.
Encontrar sentido para o papel da escola em um mundo virtualizado que nos instiga a questionar diariamente sobre como estimular e atrair os jovens às salas de aula é tarefa das mais complexas. Premissas básicas do papel do professor e da escola estão cada vez mais colocadas em xeque.
Sem dúvida, existe um abismo de gerações entre professores e alunos que promove distância e às vezes estranhamento entre eles. No entanto, é preciso resistir. É necessário que nós educadores e gestores nos reinventemos a cada manhã. São muitas a possibilidades de esvaziar essa relação de admiração e respeito – que nossa geração cultiva desde a infância. Os tempos são outros.
Os jovens estão cada vez mais escravos das facilidades tecnológicas; Dispensam, sem pestanejar, o trabalho saudável e necessário da memória. Driblam qualquer exigência de esforço, que virou uma atitude rara e desvalorizada, o que evidencia que um perigoso efeito colateral trabalha em alta.
Decidiram, por eles mesmos, que o mais importante é a informação ‘pescada’ no professor google e que está à mão a qualquer instante. Não é preciso memorizar nada, aprender pra quê? Os desafios da escola de hoje e do professor dedicado a atrair o aluno são cada vez mais crescentes.
Não prestam atenção a um detalhe imprescindível: a diferença crucial entre informação – mundo infindável de notícias e dados – e conhecimento, que é o desenvolvimento das aptidões mentais. O conhecimento fica guardado para sempre no nosso cognitivo. Basta despertá-lo a qualquer momento e não é preciso conexão com a Internet.
“O saber morre com o dono”. O ditado popular alcança relevância ainda maior nesse instante que precisamos referenciar o que realmente importa. Qual a graça que podemos enxergar em alguém que tem todos os dados sobre determinado assunto mas não consegue relacioná-los ao contexto? A palavra sozinha é insuficiente. O conjunto harmonioso delas vira um texto que deve estar integrado a um contexto.
Não podemos permitir que nossos filhos e nossos alunos percam o rumo, que se acomodem, que se tornem sujeitos passivos. Vamos incentivá-los a descobrir a identidade da nova escola e que ela consiga escolher com cuidado os ingredientes de uma porção mágica para sedução: a combinação de conhecimentos específicos e o ensino de competências transversais para oferecer sentido a eles mesmos e a nós, que pensamos e buscamos uma escola de qualidade para todos.