Adriano Peixoto

Relações de Trabalho

Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.

É Esse o Fim da Era de Aquário?

Creio que sou uma pessoa de hábitos. Sigo a mesma rotina todo dia. Acordo, preparo meu café, leio as notícias na internet e verifico os e-mails. Foi assim que hoje pela manhã, em algum lugar entre a Síria, Fabíola e Brasília escutei, por um grande acaso, a trilha sonora do musical Hair.

Não faz tanto tempo assim, se proclamava aos quatro ventos a aurora da era de Aquário.  Para os não iniciados (eu pesquei a informação no google, confesso), essa é uma referência ao fenômeno da precessão de equinócios, uma projeção do movimento do eixo de rotação da terra nas constelações da eclíptica celeste, o que faz com que a cada 2500 anos o equinócio de primavera seja marcado pela entrada do sol em um signo (constelação) diferente, dando origem às chamadas eras astrológicas.

Da mesma forma que o sacrifício do cordeiro marcou o fim da era de Áries, o advento do cristianismo marcou a era de peixes – não era esse um dos símbolos originais dos cristãos? Uma das principais características desse período seria a ilusão, a grande confusão, a desilusão. A Maya como dizem os hindus.

Foi assim que o movimento da Nova Era, nos anos setenta, proclamou com força e com vontade a entrada da humanidade no signo de Aquário.  Na verdade a música diz que isso ocorreria quando a lua estivesse na sétima casa e Júpiter se alinhasse com Marte….De qualquer forma, nesse momento o mundo seria guiado pela paz! Viveríamos em harmonia e compreensão, uma vida plena e abundante de simpatia e confiança.  Em suma, haveria uma verdadeira libertação da mente!

Depois de ler os noticiários e lembrar as promessas da nova era imagino que podemos chegar a duas conclusões distintas, a escolha do freguês: se você é um crente sempre poderá alegar que a precessão dos equinócios não é fácil de ser determinada e que erramos na conta. Assim, viveríamos os estertores da era de peixes e que o paraíso chegará logo mais para todos. Ou seja, a vida para você segue seu rumo normal.

A conclusão alternativa é aceitar que temos uma forte tendência ao auto engano e que a realidade sempre se impõe de forma dura querendo você ou não. Neste caso, quanto mais rapidamente reconhecemos e enfrentamos a realidade, mais fácil será construir uma saída para os problemas que enfrentamos.  Isso vale tanto para as questões pessoais, quanto para as questões políticas e econômicas.  E nesse caso não há alternativa moral fora “ganhar o pão com o suor do rosto…”

Ah sim, no noticiário de hoje dizia que a Era de Aquário foi degolada na Síria por um jihadista recrutado em um país da América Latina. Ele chegou até lá financiado por uma conta secreta na Suíça, abastecida com dinheiro de propina desviado de uma estatal Brasileira.

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