Adriano Peixoto

Relações de Trabalho

Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.

É possível?

Na boa, está muito difícil ser feliz no Brasil de hoje. Escolha a área e verá que os números da profunda crise na qual estamos atolados crise são cada vez mais escandalosos: desemprego, déficit, endividamento das famílias, violência nas suas múltiplas formas, dengue, zika, chikungunya. Como se isso tudo não bastasse a crise levou ainda ao estrangulamento de vários estados que já não conseguem manter seus serviços públicos de forma adequada, chegando ao ponto de não conseguirem sequer honrar suas folhas de pagamento…

Como se isso tudo não fosse suficiente estamos assistindo a uma sucessão de escândalos. Cada um mais escandaloso dos que os outros. Só esta semana tivemos pelo menos quatro operações: custo Brasil, que apura desvio de recursos do dinheiro dos velhinhos no âmbito do Ministério do Planejamento; boca livre, voltada para apuração de fraudes na Lei Rouanet, com forte indicação de conivência, falha grave ou omissão do Ministério da Cultura; Saqueador, que apura um esquema de desvio de recursos públicos semelhantes ao Petrolão, mas operado pela construtora Delta – já conhecida de outros escândalos de superfaturamento; e Sepsis (de septicemia- infecção generalizada do organismo que pode levar a falência múltipla dos órgãos e consequentemente à morte do paciente!) que tem como foco o esquema e as articulações que  envolvem o presidente afastado da Câmara.

Se eu fosse chegado a teorias conspiratórias diria que, em função dos enormes problemas que estamos enfrentando, tudo isso só pode ser parte de algum plano diabólico dos países imperialistas do norte ou, quem sabe, da Hidra (ver a Marvel para referência), para nos dominar. Eles perceberam que o Brasil potência ameaçava as hegemonias estabelecidas pelo protagonismo na instalação de uma nova ordem mundial. Chegaria até mesmo a pensar ser capaz de haver alguma referência a isso nos Protocolos do Sião…(veja no google). Entretanto, cético e pessimista, mesmo reconhecendo que forças ocultas poderosas operam ativamente contra interesses nacionais, não consigo descartar dose significativa de incompetência, populismo e corrupção formando o núcleo da raiz principal dos males que nos afligem.

O pior, é que neste ponto você olha para um lado e outro em busca de uma solução, uma alternativa e não encontra.  A economia vai melhorar? Um dia, talvez, mas nós precisamos pagar as contas do final do mês. Temos alternativas políticas capazes de construir uma saída para os nossos problemas? É possível, mas ao que tudo indica ninguém sobreviverá à lava a jato e a tal renovação ainda não deu as caras por aqui. A violência diminuirá? Já isso não sabemos, mas parece que se acontecer será de forma espontânea. Pleno emprego, ocupação de áreas de risco, expansão da rede de serviços públicos e dos programas de assistência parece não terem produzido efeito. É possível ser bem sucedido e prosperar sem fazer parte de algum esquema ou sem ser achacado por quem deveria lhe proteger? L…

Sei não, mas tudo indica que caminhamos a passos largos para mais uma década perdida. Pois, me diga: é possível ser feliz no Brasil de hoje?

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