Adriano Peixoto

Relações de Trabalho

Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.

Empresa Junior de Psicologia

O processo decisório associado ao tema desta coluna semanal é muito mais tortuoso do que eu poderia imaginar. Não que faltem assuntos, eles abundam! O problema está justamente em escolher entre tantas possibilidades, sem repetir argumentos já batidos pelo noticiário e por outros comentaristas e sem parecer monotônico como um velho ranzinza que reclama de tudo, ainda que tenhamos razões de sobra para isso. Por outro lado, o espirito festivo das festas de fim de ano pede assuntos mais amenos e positivos do que o afastamento de mais uma juíza baiana pelo CNJ, as marmeladas do futebol e/ou o cinismo descarado de nossos governantes! Por isso é que decidi apostar no futuro, na força da juventude e falar sobre as empresas juniores (EJ) e do seu papel na formação dos futuros profissionais. Mais especificamente quero falar sobre o que tenho visto e observado ao acompanhar a Psicojúnior, a EJ de Psicologia da UFBA. Tomo como ponto de partida para essa reflexão a seguinte pergunta: Como se forma um profissional competente para atuação em Psicologia Organizacional e do Trabalho?

O campo do conhecimento que chamamos de Psicologia é amplo e multifacetado. No seu interior coexistem dezenas de orientações teóricas e um sem número de espaços de atuação que caracterizam e circunscrevem as possibilidades do fazer psicológico. O reconhecimento explícito dessa situação se traduz em diretrizes curriculares para o curso que estabelecem uma formação generalista para o psicólogo que, ao deixar a universidade, estaria, em tese, apto a trabalhar em qualquer das áreas de atuação. Esse padrão de formação tem como vantagem a possibilidade de uma ampla visão sobre o campo e uma grande mobilidade quanto às possibilidades de exercício profissional. Entretanto, essa estratégia também tem suas desvantagens. Ela faz com que haja sempre a necessidade de aquisição de conhecimentos e de aprofundamento técnico e teórico em relação a áreas de atuação específicas. Nesse sentido, cabe aos alunos buscar de forma proativa desenvolver estratégias de aprendizagem complementares (ao currículo) que venham ao encontro de suas necessidades e vontades específicas de atuação, principalmente pela via da participação e envolvimento em atividades extracurriculares.

É neste contexto que se localizam as empresas juniores de Psicologia, como um lócus privilegiado de formação complementar para estudantes que tem interesse pela área de organização e trabalho e que, ao longo de suas trajetórias curriculares, têm oportunidade limitadas de desenvolver um conjunto de competências e conhecimentos voltadas para esta área. As Empresas Juniores têm como um de seus objetivos principais o desenvolvimento pessoal e profissional de seus membros por meio de uma vivência quasi-empresarial (uma vez que são sociedades civis sem fins lucrativos), realizando projetos e serviços na área de atuação específica. Dessa forma, é possível fomentar o crescimento pessoal e profissional do aluno membro, por meio do oferecimento de serviços de qualidade com custo mais baixo do que aquele praticado no mercado. Além de atingir seu próprio objetivo, as EJs contribuem para o desenvolvimento do protagonismo estudantil e do empreendedorismo em sua região apoiando, principalmente, micro e pequenas empresas e organizações não governamentais que normalmente enfrentam dificuldades de contratação de serviços de consultoria em função de limitações orçamentárias.

Minha experiência pessoa mostra que os alunos que passam pela Psicojunior são profissionais diferenciados, que demonstram profundo senso de responsabilidade, grande dedicação e comprometimento às suas atividades e uma enorme disposição para aprender. Nossas pesquisas com egressos da UFBA indicam que alunos que participam de uma EJs têm uma maior probabilidade de se inserir no mercado de trabalho (10-15%) quando comparados com os demais alunos. Por estas razões é que acompanhar e apoiar a Psicojunior é motivo de grande alegria e satisfação pessoal e profissional. Feliz Natal e próspera EJ!

Comentários