Eduardo Salles

Setor Produtivo

Eduardo Salles é engenheiro agrônomo com mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Está no seu terceiro mandato de deputado estadual e preside a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, além da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo. É ex-secretário estadual de Agricultura e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (CONSEAGRI). Foi presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia e da Câmara de Comércio Brasil/Portugal. Há 20 anos é diretor da Associação Comercial da Bahia. Ele escreve neste Política Livre mensalmente.

O exemplo do oeste da Bahia

É do perfeito conhecimento de todos que o nosso planeta sofre o risco iminente de uma crise de escassez de água sem precedentes. Em várias regiões, sobre tudo na África, essa ameaça já é uma cruel realidade. No Brasil, mesmo que em menor proporção, já nos confrontamos com os efeitos do aquecimento global e outros fatores que atingem diretamente os nossos mananciais hídricos. É uma espécie de luz amarela, um alerta indicando a necessidade de tomarmos medidas eficazes que garantam a nossa sustentabilidade tanto para o abastecimento humano, quanto para a produção econômica.

No oeste da Bahia, uma iniciativa das entidades representativas da agropecuária é um exemplo de que a união de esforços pode efetivamente representar uma resposta eficiente à preservação dos nossos recursos hídricos. Os produtores rurais, representados pela AIBA e ABAPA, estão firmando parcerias com prefeituras da região para a revitalização das nascentes dos rios.

A primeira ação foi em São Desidério, com a recuperação de nascentes que alimentam o rio Jataí. Além desse município, Barreiras, Formosa do Rio Preto e Correntina já estão incluídos na parceria, que será ampliada para outros municípios da região.

Mas o que levou os produtores do oeste da Bahia, que alcançaram em suas terras um dos maiores índices de produtividade do planeta, a investir na recuperação das nascentes dos rios da região?

A resposta é a compreensão de que a sustentabilidade, ao invés de adversária, é uma importante aliada da agropecuária. De forma técnica e responsável busca-se a confluência entre o discurso ambientalista e a necessidade premente do desenvolvimento econômico, com a garantia do atendimento à necessidade natural humana (consumo direto da água e de alimentos) e a necessidade sócio-material (geração de emprego e renda e melhoria da qualidade de vida).

O uso consciente da água é a principal garantia para a manutenção da agropecuária e, paradoxalmente, premissa inquestionável para a ampliação da produção.  Portanto, é simples: se não houver água, não tem produção agrícola e as fazendas que construíram a riqueza do Oeste terão as suas porteiras fechadas. Por isso o trabalho incansável de conscientização para o uso racional da água, que tem mobilizado lideranças empresariais, políticas e ambientalistas, na busca dessa confluência de interesses legítimos, em benefício do conjunto da sociedade.

Como secretário estadual de Agricultura e agora como parlamentar sempre busquei estimular essa ação conjunta e tenho a convicção de que a efetiva consolidação da economia sustentável só tem um caminho: o entendimento e a disposição dos diversos segmentos da sociedade em trabalharem conjuntamente para esse fim.

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