Adriano Peixoto

Relações de Trabalho

Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.

Parabéns

Cada vez mais me convenço que paradoxo é a palavra que melhor exprime a natureza da Psicologia tanto como ciência quanto como profissão. Não deixa de ser curioso observar que algumas das perguntas sobre as quais a Psicologia se debruça são tão velhas quanto a própria humanidade, mas ela mesma é apenas uma jovem ciência de pouco mais de cento e trinta anos. Durante muito tempo ela se confundiu com a Filosofia e a Fisiologia obtendo seu status científico e emancipação apenas no final do século XIX (1879), com a constituição na Universidade de Leipzig, na Áustria, do primeiro laboratório onde se aplicava o método das ciências experimentais para a investigação de fenômenos psicológicos.

Como não poderia deixar de ser, a dimensão profissional da Psicologia também é muito nova. Apenas em 1962 ela foi regulamentada no Brasil ainda que o uso de “testes psicotécnicos” tivessem se difundido no país nas décadas de 20 e 30 e que sociedade de Psicologia de São Paulo tenha sido criada já nos anos quarenta. Por outro lado, sempre existiram os chamados tratamentos para as doenças dos nervos, para os problemas dos humores e para os males da alma.

Apesar de sua emancipação como campo de conhecimento próprio, a Psicologia não logrou superar as tensões decorrentes do conflito mente (Filosofia) e corpo (Fisiologia) que sempre lhe acompanhou. Muito pelo contrário, ela sofreu influência de todas as correntes, vertentes, modelos, teorias e paradigmas científicos que foram se desenvolvendo desde então não apenas nas ciências humanas, mas nas ciências sociais, nas ciências biológicas e também nas ciências exatas, como é o caso, por exemplo, do impacto da teoria dos sistemas e da cibernética no desenvolvimento da Psicologia Cognitiva.

Da mesma forma que não temos um paradigma dominante no nosso campo do conhecimento, também não temos grande teorias ou artefatos tecnológicos que tenham sido desenvolvidos em especificamente em função dos conhecimentos que produzimos. É como o autor de um artigo que li recentemente colocava: qual é a nossa frigideira de teflon? Qual é o nosso método definitivo de intervenção?
Ainda que muitos psicólogos ainda discutam se nosso objeto de investigação e atuação é a subjetividade ou o comportamento, uma coisa é certa: nós somos a ciência do ser humano. Isso explica as tensões, os paradoxos e os conflitos. Não é possível compreender o humano a partir de uma única propriedade e/ou dimensão. O desenvolvimento da Psicologia acompanha e evolui junto com o desenvolvimento do próprio ser humano, de como ele se percebe, comporta, sente, intui, sofre, constrói e destrói.

Ainda hoje tem gente que ainda acha que a dimensão psicológica é uma criação de quem não tem o que fazer, que os problemas psicológicos são sinais de fraqueza. Que falta vontade ao depressivo, que falta disciplina à criança que não se ajusta na escola, que o problema da motivação no trabalho é uma questão de gente que não quer nada com a hora do Brasil. Basta perguntar a cada uma dessas pessoas que sofre se seus problemas são reais ou imaginários, se eles existem de fato ou se são invenções, e você perceberá o papel e a importância do profissional de Psicologia para a Sociedade.

É por isso que, neste dia, quero saudar todos àqueles que nos mais diversos espaços de atuação contribuem para a melhoria da qualidade de vida da nossa população e para a superação dos problemas concretos que enfrentamos na família, na escola, no trabalho, na clínica, na saúde, na assistência, na segurança… Parabéns aos Psicólogos no seu dia!

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