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Radar do Poder: A resistência a Ivanilson, o fogo amigo de Júnior Muniz, a zanga de Alberto Braga e a exportação de candidatos a vereador

radar do poder | 10 abril 2024

Resistência caseira

Partiu do PT da Bahia a sugestão para que o presidente estadual do PV, Ivanilson Gomes, assuma a função de coordenador da campanha do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) à Prefeitura de Salvador. Acontece que o nome do “verde” encontra resistências entre os petistas da capital, sobretudo os vereadores. Isso porque a maior liderança do PV na cidade é o vereador André Fraga, que vai apoiar a reeleição do prefeito Bruno Reis (União). Ivanilson é acusado de ter lavado as mãos.

Afago

Os demais partidos aliados de Geraldo Júnior aprovam a indicação do dirigente como coordenador. Para o governador Jerônimo Rodrigues (PT), seria até uma forma de fazer um afago no PV “raiz”, escanteado dos cargos de primeiro e segundo escalão do Executivo. Ivanilson, que está em viagem, deve conversar com o vice-governador até o final desta semana.

Fica no Detran

Quem deve desistir de deixar o cargo para disputar as eleições deste ano é o diretor de Habilitação do Detran, Max Passos (PP). Ele pretendia concorrer em Cruz das Almas, mas articula uma composição com o ex-prefeito Orlandinho (PT), de quem já foi vice. Max, por sinal, quer emplacar a esposa na chapa do petista. O curioso é que o deputado estadual Niltinho (PP), que indicou o diretor, vai apoiar a reeleição do prefeito Ednaldo Ribeiro (Republicanos), adversário do governador.

Geografia

Já quem ainda vai sair do governo do Estado para a corrida eleitoral é o presidente da Cerb, Alex Futuca (MDB). Ele é pré-candidato em Ibirataia, no sul baiano. Correligionário de partido, Uldurico Júnior, que vai concorrer em Teixeira de Freitas e também tinha o mesmo prazo limite estabelecido pelo calendário eleitoral para desincompatibilização (até quatro meses antes do pleito), foi exonerado no sábado (06) do comando da Agersa. A explicação dada pelo MDB pela diferença de tratamento é geográfica: Teixeira de Freitas, no extremo-sul, é mais distante de Salvador.

Esperança petista

Parte do PT de Salvador ainda tem esperanças de que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, seja candidato a prefeito da capital este ano, pedindo licença a Geraldo Júnior. A tese é que, caso o presidente Lula afaste o aliado da pasta por conta do episódio dos respiradores, o petista retorne à capital com disposição de entrar na disputa. “Quem sabe ACM Neto (União), que utiliza os meios de comunicação para atacar Rui Costa diariamente, não esteja nos fazendo um favor?”, comentou um petista.

Fogo amigo

O Agir, partido que é controlado na Bahia pelo deputado estadual Júnior Muniz (PT), ainda não descartou apoiar a reeleição de Bruno Reis em Salvador, embora não tenha montado chapa de pré-candidatos a vereador. No interior, a sigla já definiu que vai apoiar nomes da oposição a Jerônimo em Itabuna, com o deputado estadual Pancadinha (Solidariedade); em Feira de Santana, com o deputado estadual Pablo Roberto (PSDB); e em Vitória da Conquista, com a prefeita Sheila Lemos (União).

Mercadoria

Em Itabuna, o Agir iria apoiar a reeleição do prefeito Augusto Castro (PSD), mas rompeu quando o gestor pediu ao dirigente do partido que colocasse os pré-candidatos a vereador da legenda no Podemos. “Ele (Augusto) me propôs algumas vantagens para que isso acontecesse e eu disse a ele que isso não seria possível porque eu não sou uma mercadoria e tenho dignidade”, contou o presidente municipal do Agir, Elias Fernandes. Júnior Muniz negocia ainda o apoio da sigla à oposição em Juazeiro e Lauro de Freitas.

MDB com Pancadinha

Por falar na terra grapiúna, o ex-ministro Geddel Vieira Lima disse à coluna que o MDB pode apoiar a candidatura do deputado estadual Pancadinha (Solidariedade) em Itabuna caso o ex-prefeito e ex-deputado federal petista Geraldo Simões não consiga viabilizar o nome pelo PT. “Nossa preferência é por Geraldo, mas, se nas questões internas e confusas do partido dele, isso não acontecer, podemos sim caminhar com Pancadinha, que é de um partido da base do governo”.

Sem gabinete

Agora suplente na Câmara Municipal de Salvador, Alberto Braga trocou o Republicanos pelo União Brasil por problemas de “relacionamento”. Embora exercendo o mandato durante a maior parte da Legislatura, não tinha direito às benesses do cargo, a exemplo da contratação de assessores. Tudo ficava com o titular, fosse o vereador Luiz Carlos ou Júlio Santos, que foram secretários municipais, em períodos distintos, de Infraestrutura. Esse tipo de acerto é comum, mas geralmente a divisão é meio a meio.

Exportação

Aliás, o Republicanos, que encontrava dificuldades para formar a chapa proporcional por ter vereadores acima dos oito mil votos, foi um dos partidos mais ajudados por Bruno Reis (União) na construção da lista de candidatos ao Legislativo. Coube ao gestor, por exemplo, a articulação para que os vereadores Alfredo Mangueira, ex-MDB, e Leandro Guerrilha, ex-PP, ingressassem na sigla. Além disso, o PRD, ligado ao prefeito, “exportou” pré-candidatos para a legenda da Igreja Universal.

Estratégia de grupo

“A gente fez um trabalho estratégico para otimizar os partidos da base. Transferimos, por meio do envio de pré-candidatos que concorreriam pelo nosso partido, 15 mil votos, a maioria para o Republicanos. Qual o raciocínio? Esses votos não ajudariam a gente a eleger mais um vereador, mas devem fazer com que o Republicamos consiga cinco vagas”, explicou o presidente do PRD baiano, Francisco Elde. Ele, que é chefe de Gabinete da vice-prefeita Ana Paula Matos, acredita que o PRD elege três vereadores.

Capitão bolsonarista

Lideranças do PL avaliam que as chances de o capitão bolsonarista André Porciúncula, filiado à legenda, ser candidato a vereador de Salvador subiram para 50%. “Ele tinha algumas questões e pendências judiciais que estão sendo resolvidas”, disse uma fonte do partido. Porciúncula, que obteve mais de 30 mil votos na capital na eleição para deputado federal, foi processado pela Polícia Militar por deserção. Ele ocupou dois cargos na gestão Jair Bolsonaro (PL), o último como secretário especial da Cultura.

Voto ideológico

Caso Porciúncula concorra a vereador, a disputa pelo voto ideológico no PL no pleito para a Câmara Municipal de Salvador será ainda maior. Dentro do espectro conservador, o partido terá ainda na briga o vereador Alexandre Aleluia, o ex-vereador Cézar Leite e os assessores da Assembleia Legislativa Alexandre Moreira e Willian de Jesus, que trabalham, respectivamente, com os deputados estaduais Diego Castro e Leandro de Jesus, ambos bolsonaristas do PL.

Medo do 22

Por outro lado, houve quem deixasse o PL por conta da ligação da legenda com Bolsonaro, como foi o caso do ex-vereador Antônio Mário, que migrou para o PSDB com medo que o 22 lhe tirasse votos nas comunidades mais precárias. Vale lembrar, como já apontou a coluna, que este também era o receio de Alexandre Aleluia, vereador com forte atuação nas comunidades mais carentes da cidade e que tentou deixar o partido, mas não foi aceito em nenhum outro por conta da concorrência.

Comenda

Assim que soube que o deputado federal Leo Prates (PDT) iria receber a Comenda Dois de Julho da Assembleia Legislativa, honraria proposta pelo deputado estadual Vitor Azevedo (PL) e que será entregue na sexta-feira (12), o líder da oposição na Casa, Alan Sanches (União), tratou de apresentar um projeto de resolução propondo a mesma honraria à vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos. Em tom de brincadeira, alguns parlamentares disseram que a rixa entre os pedetistas chegou ao Legislativo estadual.

Pitacos

* O Conselho de Ética da Assembleia, instalado hoje (10) com a indicação dos membros, deve eleger na próxima segunda-feira (15) o presidente e o relator após reunião com as lideranças do governo e da oposição.

* Apesar disso, a avaliação dos parlamentares é que o deputado Binho Galinha (PRD), investigado pela polícia sob a acusação de chefiar uma milícia em Feira de Santana, só pode ser punido pela Assembleia se houver um pedido formal nesse sentido.

* A indicação, pelo governo, do deputado estadual Marcinho Oliveira, que é do União Brasil, para compor o Conselho de Ética foi avaliada de forma irônica por um outro membro do partido. “Marcinho já era governo oficiosamente. Agora, é oficialmente”.

* Presidente da Assembleia, Adolfo Menezes (PSD) criticou a tentativa da oposição na Câmara Federal de convocar Rui Costa para falar sobre os respiradores. Marcou pontos com o aliado nas articulações para seguir no comando do Legislativo estadual em 2025.

* O deputado Elmar Nascimento (União) tem se esforçado para ser o próximo presidente da Câmara. Aos colegas amigos e admiradores do falecido, diz que ACM foi o maior líder político da Bahia. A verdade, no entanto, é que um não gostava do outro.

* O Palácio Thomé de Souza já dá como certo que o Novo irá apoiar a reeleição do prefeito Bruno Reis (União). Falta só o anúncio oficial.

* O deputado estadual bolsonarista Diego Castro (PL) segue reclamando que ainda não foi recebido em audiência por Bruno Reis. “Já que estamos prestes a anunciar oficialmente o apoio ao prefeito, preciso alinhar o discurso”, afirmou o parlamentar.

* O deputado estadual Leandro de Jesus (PL) diz que aconselhou a vereadora de Lauro de Freitas Débora Régis, pré-candidata a prefeita, a trocar o PDT pelo União Brasil. “Seria difícil a gente apoiá-la por conta do posicionamento nacional do PDT”.

* Apesar do conselho, o apoio do PL a Débora Régis estava acertado antes mesmo da recente filiação ao partido do vereador Tenóbio, que era pré-candidato da sigla em Lauro. O edil, por sinal, só não vai ser vice na majoritária porque é bolsonarista.

* Após abandonar o PRD em Lauro e mudar para o PT mirando a reeleição, o vereador Alexandre Marques tenta emplacar o irmão presidente da sigla na cidade. Não deve ter êxito. O partido tende a deixar a base da prefeita Moema Gramacho (PT) e apoiar Débora Régis.

* O radialista Dilton Coutinho recusou o convite do PP para ser candidato a prefeito de Feira de Santana. Com isso, a tendência é que os pepistas apoiem a candidatura do deputado federal Zé Neto (PT).