1 novembro 2024
Cão que late…
O PT já esperava que o PCdoB fosse espernear após a humilhação imposta ao aliado ao limar, na Assembleia, o deputado comunista Fabrício Falcão da disputa por uma cadeira no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Até mesmo a posição de neutralidade dos companheiros em relação à eleição para a escolha do novo membro do órgão, anunciada em nota, era esperada pela cúpula petista. Na avaliação das lideranças do partido que agora controlará politicamente o TCM, com a maioria dos conselheiros, a história da relação (e de submissão) com os comunistas mostra que cão que late demais não morde.
Novo conselheiro
O deputado Paulo Rangel (PT), agora definitivamente o único candidato da base do governador Jerônimo Rodrigues (PT) ao TCM, desfila nos corredores da Assembleia como virtual conselheiro. Ele lamentou, no entanto, que os líderes do governo e da oposição, os deputados Rosemberg Pinto (PT) e Alan Sanches (União), respectivamente, tenham marcado a eleição para o dia 5 de março. “Queria mais tempo para poder me despedir das amizades que construí em 20 anos de Casa”.
Suando a camisa
O candidato inscrito pela oposição ao TCM, o ex-deputado Marcelo Nilo (Republicanos), vai suar a camisa para tentar obter o apoio das “viúvas” de Fabrício Falcão. Ele acha que, como a eleição acontece por voto secreto, pode beliscar o apoio de parte da bancada do PCdoB, bem como o do deputado Hilton Coelho (Psol). Difícil mesmo vai ser convencer o deputado Marcinho Oliveira (União), que levou para a Assembleia a rivalidade eleitoral com Nilo em Monte Santo.
Elegância sutil
Antes da nota do PCdoB pela neutralidade crítica, o deputado Bobô, do partido, havia declarado o voto em Paulo Rangel caso Fabrício Falcão não conseguisse a inscrição. “Estarei ao lado do candidato da base do governo ao TCM. Se não for Fabrício, será Rangel”, declarou o parlamentar à coluna com sua elegância sutil. Resta saber se Bobô agora vai mudar de ideia.
Herdeiros de Rangel
Paulo Rangel vai reunir os deputados mais próximos para ratear os quase 50 mil votos que recebeu no pleito de 2022. Como não tem herdeiros políticos naturais, fator que pesou para que o petista fosse alçado na disputa para o cargo vitalício, ele pretende fazer uma divisão das lideranças, o que inclui prefeitos. Terão prioridade, além dos correligionários de partido, os parlamentares que estiveram na linha de frente da campanha, a exemplo de Vitor Bonfim (PV), Nelson Leal (PP) e Vitor Azevedo (PL).
Mais leal
Na semana passada, um desesperado Fabrício Falcão, após sair de uma audiência com Jerônimo e prefeitos, protagonizou uma discussão áspera com Vitor Azevedo na sede do governo do Estado, na Secretaria de Segurança Pública. Ele praticamente exigiu que o colega, membro da Mesa Diretora, estivesse presente na reunião do colegiado que analisaria a inscrição do comunista. O encontro, todos sabem, não ocorreu por falta de quórum. E Azevedo demonstrou mais uma vez lealdade ao governo.
Ira governista
Líder da maioria na Assembleia, o deputado Rosemberg Pinto (PT) provocou a ira de alguns colegas da base ao levar o prefeito de Una, Tiago Birschner (PP), para uma audiência com o chefe de Gabinete do governo, Adolpho Loyola, com o objetivo de assegurar obra de infraestrutura ao município. O problema é que o gestor apoiou a candidatura de ACM Neto (União) ao Palácio de Ondina em 2022. Enquanto isso, prefeitos que são aliados de primeira hora seguem aguardando audiências.
Conveniência
O curioso é que Rosemberg costuma se utilizar, em outros municípios, do discurso de que os aliados de primeira hora devem ter preferência nos atendimentos por parte do governo do Estado, enquanto os que apoiaram ACM Neto, mesmo que em siglas da base, merecem ser deixados em segundo ou terceiro plano. Para o líder, esse é o caso de Itapetinga, onde o prefeito Rodrigo Hagge, do MDB, não parece merecer, contraditoriamente, o mesmo tratamento do gestor de Una, município aonde o petista espera, claro, extrair dividendos eleitorais.
PEC da Reeleição
Por falar em Rosemberg, parlamentares do governo e da oposição não acreditam que ele tente “melar” a votação da proposta que permite a segunda reeleição consecutiva do deputado Adolfo Menezes (PSD) no comando da Assembleia. A tendência é que a proposição seja votada no mesmo dia da eleição para o TCM, por conta da presença em grande número de legisladores. A avaliação é que o petista “deu uma segurada” no projeto de tentar suceder Adolfo, que não para de provar sua lealdade a Jerônimo.
Sem emendas
O prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), acusa o deputado federal Antonio Brito (PSD) de não destinar emendas do orçamento da União para o município onde o parlamentar foi o mais votado em 2022. “Desde que assumi, em 2021, ele só mandou R$ 500 mil em emendas impositivas”, declarou o pepista à coluna. Vale lembrar que Brito, que não quis comentar o assunto com a coluna, lançou como candidato a prefeito o administrador Alexandre Iossef (PSD), uma verdadeira pedra no sapato para que Cocá conquiste a reeleição.
Ego inflado
Fontes do Palácio Thomé de Souza disseram à coluna que o prefeito Bruno Reis (União) deu gargalhadas quando soube que foi acusado pelo vice-governador Geraldo Júnior (MDB), pré-candidato ao Executivo municipal, de não ter procurado o emedebista para tratar da situação dos ambulantes no Carnaval. A avaliação na Prefeitura é que o fato de assumir o comando do Executivo estadual pela terceira vez inflou o ego do emedebista, que, apesar da oportunidade lhe dada por Jerônimo Rodrigues (PT) ao nomeá-lo como ‘coordenador’ da festa pelo governo, foi um mero coadjuvante durante a folia momesca.
Sinal para Ondina
Presidente do PP da Bahia, o deputado federal Mário Negromonte Júnior optou por não participar do evento em que o partido declarou apoio à reeleição de Bruno Reis, realizado na última segunda (26), em Salvador. Da Executiva estadual da sigla, ele optou por enviar o secretário-geral, Jabes Ribeiro. Com essa decisão, Mário Júnior sinalizou que busca também prosseguir com o movimento de reaproximação com o PT no Estado, como deseja a outra parte da legenda.
Acerto com o Novo
As negociações conduzidas por Bruno Reis para ter o apoio do Novo na disputa à reeleição envolvem a promessa de que a administradora Luciana Buck, pré-candidata ao Palácio Thomé de Souza pelo partido, terá o caminho facilitado para ser vereadora caso saia da corrida majoritária. Bruno se colocou à disposição para ajudar na montagem da chapa proporcional da legenda, que nunca elegeu um representante para a Câmara Municipal. E, assim, o Novo se torna o velho em Salvador.
Puxadores de voto
Além do vereador Ricardo Almeida, que está no Podemos e é da Primeira Igreja Batista, o DC em Salvador deve abrigar ainda o pastor Kênio Resende, uma das apostas da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) nas eleições proporcionais deste ano na capital. Dessa forma, a sigla, que dialoga ainda com o vereador Sabá (PP), terá dois bons puxadores de votos e caminha de forma segura para eleger até quatro edis. O Republicanos, partido oficial da Iurd, deve pelo menos manter a bancada de três.
Olho na Conder
Líder do prefeito Bruno Reis na Câmara Municipal, o vereador Kiki Bispo (União) diz que estará atento a eventuais abusos eleitorais que possam ser cometidos pela Conder no pleito de 2024 para favorecer Geraldo Júnior. “Não é algo comum a esse órgão, por exemplo, fazer escadaria aqui e acolá. As regras precisam ser respeitadas. Mas confiamos na lisura do presidente da Conder, José Trindade (PSB), que foi vereador como nós”.
Pitacos
* A piada que corre na Assembleia é que o TCM terá tanto petista com conselheiro que caso ACM Neto vença a disputa pelo Palácio de Ondina, em 2026, a primeira medida dele será extinguir a Corte de contas.
* O deputado estadual Vitor Bonfim (PV) tem sido acusado de legislar em causa própria por apresentar projeto de lei que garante prioridade a advogados no atendimento das agências bancárias. O parlamentar é formado em Direito e tem muitos amigos na área.
* Provocou risos em plenário o discurso feito esta semana pelo deputado Raimundinho da JR (PL) no qual disse que poderia ter sido doutor, se não fosse reprovado duas vezes na escola. Ele tentou defender a portaria do Estado que revê os critérios de reprovação.
* Alexandre Marques será mantido na presidência do PRD em Lauro de Freitas. A medida faz parte do acordo para que Bruno Reis indicasse o assessor Francisco Elde para o comando estadual da legenda.
* Marques, para quem não lembra, era o presidente do Patriota na Bahia, partido que, na fusão com o PTB, deu origem ao PRD. Ele é aliado do PT e secretário de Meio Ambiente da prefeita petista de Lauro de Freitas, Moema Gramacho.
* O vereador de Salvador André Fraga decidiu que fica no PV como aliado de Bruno Reis. Até os petistas desistiram de tentar expulsá-lo da federação. “Não é à toa que ele foi secretário municipal da Resiliência”, brincou um membro da Executiva do PT.
* A indefinição do PT, PCdoB e PV sobre quem será o candidato do grupo a prefeito de Juazeiro tem dificultado a arrumação da chapa proporcional da federação no município. Com a indefinição, muitos pré-candidatos a vereadores ameaçam pular fora do barco.
* Presidente estadual do PT, Éden Valadares garante que o pré-candidato do partido a prefeito Juazeiro, o ex-gestor Isaac Carvalho, que lidera as pesquisas, está juridicamente apto a concorrer.
* Prefeito de Ilhéus, Marão (PSD) tem sinalizado a aliados que vai indicar como sucessor o atual secretário municipal de gestão, Bento Lima. Antes do anúncio, ele ainda deve ter uma conversa com o governador Jerônimo Rodrigues.
* Em Candeias, o PV ainda mantém vivo o projeto do vereador Sílvio Correia de ser candidato a prefeito. A sigla não considera natural a candidatura, pela base do governo, da vice-prefeita Marivalda da Silva (PT).
Radar do Poder, a coluna de bastidores do Política Livre