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Petista Geraldo Simões é pré-candidato a prefeito de Itabuna 22 de maio de 2024 | 12:25

O cancelamento de candidaturas petistas e a eleição de 2026, por Geraldo Simões*

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O governador Jerônimo está prestes a tropeçar em uma armadilha, por conta de uma avaliação equivocada da profundidade de algumas questões políticas, próprias de um Estado tão grande e diverso quanto a Bahia. Falo, por exemplo, da forma simplista com que trata a questão das eleições municipais.

Falta um pouco de exercício para encontrar o molejo que a Bahia requer, para não dizer uma cintura mais flexível. Jerônimo acha, por exemplo, que é possível simplificar o processo político para essas eleições municipais a tal ponto que a solução de todos os seus problemas se resume a uma ideia de retribuição automática de apoio recebido em 2022.

Faz isso ignorando a real política dos 417 municípios baianos.

Ora, se é assim tão simples, o que fazer onde mais de uma liderança o apoiou em 22? E onde entre os que o apoiaram haja mais de um “da base”? Ou, onde algum da base esteja em disputa com alguém de seu partido? A base vale mais do que o próprio partido? Se vale, qual desses dois tem maior probabilidade de continuar no projeto da reeleição dele – Jerônimo – e de Lula, em 2026?

Há, claro, outras variantes. Em Itabuna, por exemplo, o prefeito esteve na campanha do governador, mas ostenta uma rejeição de 70%. Só que há os companheiros do PT, que entraram na campanha quando Jerônimo tinha apenas 3% de intenções de voto. E, entre estes, há quem também esteja em pré-campanha. O que o governador faz? Simplesmente cancela as candidaturas?

Vejamos outros números. Nas eleições para governador, o PT tinha apenas 32 prefeituras, 7% do total de municípios, portanto pouca gente “sentada na cadeira”, como diz o governador. O objetivo então é reduzir ainda mais as prefeituras petistas? E o PT, tem que achar isso positivo? Me parece uma tese que enfraquece o partido e o próprio Jerônimo Rodrigues como candidato em 2026.

O desleixo com candidaturas petistas foi uma prática adotada pelo então governador Rui Costa, o que nos relegou à redução de 94 prefeitos do PT para 32; de 14 deputados estaduais, para 9; e de 10 federais, elegemos apenas 7. Embora se possa dizer que ainda assim Jerônimo se elegeu em 2022, não é demais lembrar que o feito foi possível devido ao fenômeno Lula, conforme dito pelas pesquisas ao longo da campanha.

Uma coisa é certa: o descarte de candidaturas pela força do governo vai deixar traumas e um sentimento de que Jerônimo abandona os companheiros de primeira hora. Para quem busca uma reeleição por coalizão este não é um sentimento positivo para se começar um diálogo político.

O governador Jerônimo tem a importante missão de dar continuidade ao projeto do Partido dos Trabalhadores de transformar a Bahia. Queremos nosso estado liderando o Brasil em diversos segmentos e para isso não nos é permitido cometer erros estratégicos, nem na política nem de gestão.

* Geraldo Simões (PT) e ex-prefeito de Itabuna e pré-candidato à sucessão municipal no município.

Geraldo Simões*
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