9 outubro 2025
Depois de dois aviões comerciais ficarem atolados no asfalto no aeroporto de Fernando de Noronha, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) anunciou nesta sexta-feira (4) restrições no aeroporto de Fernando de Noronha, que devem afetar a operação com aeronaves a jato
A medida proíbe aumento da frequência de voos e de realização de operações simultâneas. Também haverá limitação de peso e passageiros. Também muda o peso das aeronaves.
A portaria com as medidas que torna publica as restrições das operações no aeroporto de Fernando de Noronha deverá ser publicada no Diário Oficial da União na próxima semana.
No último domingo (29), uma aeronave Boeing 737 MAX da Gol Linhas Aéreas ficou atolada no pátio do aeroporto de Noronha, em um caso semelhante ao ocorrido com um avião da Azul no domingo anterior.
Segundo a Gol, o asfalto afundou durante o taxiamento da aeronave que realizaria o voo G3 1776. O Boeing foi reposicionado e, na sequência, o voo seguiu viagem normalmente para Guarulhos (SP).
Por causa do problema no asfalto, a viabilidade das operações de aviões a jato foi comprometida, conforme a agência.
De acordo com a Anac, em razão da paralisação de obras de recuperação das áreas pavimentadas da infraestrutura do aeroporto, a agência decidiu adotar nova medida cautelar para restringir operações aéreas e garantir a segurança no aeroporto.
A decisão foi comunicada nesta sexta à concessionária Dix Aeroportos, que faz a gestão do local, às empresas aéreas e ao governo de Pernambuco, responsável pelo local.
Em 18 de março, a Anac suspendeu decisão cautelar anterior, de outubro de 2022, que proibia operações de aeronaves a jato em Noronha.
Dias, antes, em 12 de março, a Latam havia sido autorizada, em caráter emergencial, a operar voos com jatos para Fernando de Noronha a fim de resgatar passageiros da Voepass, que na época estava com as suas operações suspensas —depois a companhia aérea seria proibida de operar.
“A ocorrência de recentes eventos de segurança operacional no pátio do aeroporto, que resultaram na interdição de posições de estacionamento utilizadas por aeronaves da aviação geral e comercial, e a necessidade iminente de retomada das obras de infraestrutura, levaram à necessidade da aplicação da nova cautelar”, disse a Anac em nota nesta sexta.
“O objetivo das medidas adotadas é preservar a continuidade do transporte aéreo de passageiros e manter os níveis adequados de segurança operacional na ilha”, diz em outro trecho do texto. “A Anac segue monitorando a situação e poderá adotar novas providências a qualquer momento, caso sejam identificadas condições que comprometam a segurança operacional no aeroporto.”
Também em nota, a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) afirmou que as companhias ajustarão suas malhas aéreas a partir desta sexta para atender às restrições temporárias anunciadas pela Anac em Fernando de Noronha.
Entre as medidas adotadas, diz a Abear, estão a redução da capacidade das aeronaves, com limitação do número de passageiros e volume de cargas transportados, e a operação somente em pista seca e sem simultaneidade.
Conforme a associação, as novas regras valem até o dia 15 de agosto.
“A Abear e companhias aéreas esclarecem que as medidas impactam diretamente a operação aérea em Noronha e lamentam os transtornos enfrentados pelos passageiros. As condições para reembolso e remarcação de bilhetes estão disponíveis nos canais de atendimento de cada empresa”.
A Gol, por exemplo, afirma que vai antecipar seus voos em 30 minutos e irá usar aviões Boeing 737-700 para Noronha.
A Latam diz que manterá seus cinco voos semanais na rota Guarulhos-Fernando de Noronha, bem como o transporte das bagagens dos passageiros e que as restrições não ocasionam impactos diretos.
No domingo passado, a Dix Aeroportos disse, em nota enviada ao site Aeroin, que tem feito insistentes alertas à Secretaria Estadual de Mobilidade e Infraestrutura sobre a importância da conclusão das obras de requalificação da área de movimento, que inclui as pistas de pouso e decolagem, as pistas de táxi e o pátio de aeronaves.
“Até o momento, apenas uma faixa central da pista de pouso e decolagem foi parcialmente concluída, faltando, portanto, a execução das obras nas faixas laterais da pista de pouso e decolagens e das demais áreas necessárias para a movimentação e estacionamento das aeronaves. A Dix entende que o cumprimento dos cronogramas de obra estabelecidos é de fundamental importância para evitar a ocorrência dos incidentes como o registrado neste domingo”, disse.
Em nota, a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco diz que as medidas anunciadas pela Anac são necessárias e fundamentais para viabilizar o andamento das obras de requalificação do terminal.
O governo pernambucano diz que o investimento na requalificação do Aeroporto Governador Carlos Wilson é de R$ 60 milhões e que na próxima semana será iniciada uma nova fase das intervenções, com foco no pátio de taxiamento e estacionamento de aeronaves.
“As medidas visam minimizar riscos operacionais durante o período de obras e permitir que os trabalhos avancem com a celeridade e a segurança necessárias”, diz a secretaria.
Fábio Pescarini/Folhapress