10 outubro 2025
O senador Jaques Wagner (PT), líder do governo no Senado Federal disse que a decisão do Congresso Nacional de derrubar o decreto do presidente Lula que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi antecedida de uma rodada de negociação que pactuou um acordo em termos diferentes do que se viu na votação daquele 25 de junho.
“Eu acho que quem está na política tem que estar preparado para a derrota e para a vitória. Eu digo sempre que quem não aguenta uma derrota não vai merecer uma vitória”, iniciou Wagner em entrevista ao PodZé, podcast do apresentador José Eduardo.
“Porém, o que me abateu naquela derrota não foi a derrota em si, o que me abateu é que eu estive na reunião de seis horas de duração com presidente da Câmara, presidente do Senado, ministro Haddad e a sua equipe, ministra Gleisi e a sua equipe, eu que como líder do governo, Guimarães e os líderes da Câmara e do Senado, que são líderes dos partidos da base, saímos de lá meia-noite, estava um frio retado, que essa época Brasília é frio e saiu todo mundo na porta da residência oficial da Câmara para dizer que foi a melhor reunião que eu já participei”, contou o senador.
Ele lembra que naquele episódio o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chegou a se referir ao encontro como “uma reunião histórica”.
“A conversa foi muito esclarecedora, o Haddad explicou tudo, saiu todo mundo com esse conceito de foi a melhor que eu já participei, que foi uma reunião histórica”, continuou Wagner.
O ponto de virada veio dias depois após um encontro de Motta com segmentos do mercado financeiro.
“Todo mundo no mesmo tom, reunião histórica, excepcional, fechamos um acordo. Três, quatro dias depois o caboclo vira tudo sem dizer porquê. O Hugo teve uma reunião na segunda-feira, não sei se foi com banqueiro, empresário lá na Faria Lima, aí de repente o caboclo muda tudo que combinou. Combinado sai barato. Eu não vou falar de traição, mas foi uma coisa inexplicável, decepcionante”, completou.
“Eu hoje sou respeitado, modéstia à parte, no Senado porque o caboclo diz ‘é X é X’, você é no fio de bigode. Eu já fiz vários acordos na boca, no microfone e eu banco”, ressaltou o senador baiano, ao comparar as tratativas em torno do IOF.
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