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Deputado federal José Rocha 22 de maio de 2023 | 09:15

Entrevista – José Rocha: “A bandeira de Tarcísio de Freitas para presidente será levantada por ACM Neto na Bahia”

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Médico por formação, José Rocha (União) é um político profissional. Desde 1978 ocupa de forma consecutiva mandatos eletivos, seja como deputado estadual (quatro) ou federal (está no oitavo), um feito para poucos. Começou a trajetória política no Arena, que depois se tornou PSD, PFL, DEM e, por fim, União Brasil, após recente fusão com o PSL.

Nesta entrevista exclusiva concedida ao Política Livre na última sexta-feira (19), José Rocha fala sobre o cenário político em Brasília com a desenvoltura de quem ocupou a posição de vice-líder nos governos Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Ele, que também já foi filiado ao PL, defende que o União Brasil, mesmo ocupando cargos na gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inclusive na Bahia, mantenha uma posição de independência.

José Rocha acusa o governo de estimular invasões de terra por meio do MST, diz que a CPMI do 8 de janeiro também deve mirar o Palácio do Planalto, condena a cassação do deputado federal Deltran Dallagnol (Pode-PR) e defende o nome do líder do União Brasil na Câmara, o aliado baiano Elmar Nascimento, para a sucessão do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

No papo, o deputado, que foi presidente do Esporte Clube Vitória (de 1983 a 1985) e hoje é conselheiro da agremiação, trata ainda da CPI das Apostas Esportivas, para a qual foi indicado como membro titular, da gestão do baiano Ednaldo Rodrigues no comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e critica quem usa o futebol para se promover politicamente, coisa que, ele pontua, nunca fez.

Sobre a política baiana, José Rocha afirma que pretende ser candidato a senador em 2026 e aponta o que seria uma dobradinha imbatível para a sucessão estadual e nacional: o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) e o governador de São Paulo, Tarsício de Freitas (Republicanos).

Confira a íntegra da entrevista:

Política Livre – O senhor foi indicado na semana passada para membro titular da CPI que vai investigar a manipulação de resultados no futebol e o favorecimento de apostadores em empresas do segmento. Estando no futebol desde 1984 como presidente ou conselheiro do Esporte Clube Vitória, esse escândalo descoberto pelo Ministério Público de Goiás o surpreendeu?

José Rocha – Não é novidade. No passado, tivemos o escândalo do “zebrão”, que foi aquele escândalo revelado pela revista Placar que envolvia a cooptação de jogadores, árbitros e dirigentes de clubes por empresas para favorecer resultados e ganhar dinheiro ilegalmente por meio da Loteria Esportiva Federal. E esses fatos recentes que a CPI vai investigar não surpreendem.

Hoje, a modalidade das apostar facilita esse tipo de coisa. Você tem um sistema em que o cidadão pode apostar no jogador que vai tomar cartão amarelo ou vermelho. Não se aposta só no resultado, se vai ser vitória do time ou do outro ou o empate. Aí você tem um cara que é amigo do atleta, do jogador, e o convence a tomar cartão amarelo, dividindo entre os dois o valor de uma aposta combinada. Isso que tem acontecido e é crime. Há empresas de aposta que contratam corretores para que consigam junto a amigos de jogadores esse tipo de manipulação.

O caminho é proibir a atuação desse tipo de empresa ou o senhor concorda com o seu colega deputado Bandeira de Mello (PSB-RJ), ex-presidente do Flamengo e também membro da CPI, de que essa não é a solução?

Não acho que o caminho seja acabar com todas essas empresas. Temos que usar a CPI para separar o joio do trigo. As empresas banidas e punidas devem ser aquelas que adotam esse tipo de expediente de manipulação. Mas o governo também deve fazer a parte dele, aumentando a fiscalização sobre esse tipo de aposta.

Na sua opinião, qual deve ser o foco da CPI?

O maior produto que a CPI pode produzir é um projeto de lei para regulamentar esse tipo de aposta. Hoje, são várias empresas, como vemos nos comerciais, no nosso dia a dia. O governo, como disse anteriormente, também tem que criar novos mecanismos de acompanhamento e fiscalização, e o projeto de lei deve ir nesse sentido também. A lei deve favorecer a atuação das empresas sérias. Além disso, a CPI também deve encaminhar aos órgãos de fiscalização e controle, como o Ministério Público, os resultados que alcançar, os indiciamentos.

Embora não estivessem atuando pelo clube, ex-jogadores do Vitória estão sendo investigados nesse escândalo envolvendo manipulação de apostas, como o lateral Pedrinho e o zagueiro Victor Ramos. O senhor vai defender a convocação desses atletas na CPI?

Olha, eu acho que primeiro temos que ouvir os aliciadores, que são os verdadeiros criminosos. Ouvidos esses corretores desse tipo de coisa, aí vamos chamar os jogadores identificados no esquema, para que eles possam confirmar ou não. Não acho que a prioridade da CPI no início dos trabalhos seja ouvir jogadores que foram aliciados.

Entre 2015 e 2016, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi alvo de uma CPI no Senado que terminou em pizza. Depois de tantos escândalos num passado recente, como o senhor avalia a gestão do baiano Ednaldo Rodrigues à frente da entidade?

Eu tive a oportunidade de enfatizar, na abertura da CPI, o trabalho de Ednaldo, lembrando que ele foi um grande presidente da Federação Baiana de Futebol (FBF), depois fez um grande trabalho como vice-presidente da CBF e, agora, dá o exemplo ao mundo do esporte dirigindo a confederação que tem uma importância enorme porque mexe com a paixão de todos nós, que é o futebol.

Ele tem trabalhado com muita competência e humildade, sem procurar aparecer a todo custo, sem ser midiático. É um trabalho silencioso e sério, buscando a colaboração de todos os vice-presidentes, atuando com os pés no chão. Representa muito bem o futebol brasileiro.

Fábio Mota atuou por muito tempo em cargos de confiança nas esferas de poder antes de assumir o Vitória, inclusive na gestão de ACM Neto (União) na Prefeitura de Salvador. Ele retorna quando à política?

Acho que Fábio Mota vai continuar por muito tempo no comando do Vitória. Ele está sendo realmente um presidente muito aplicado, sabe conduzir bem o clube. Apesar dos últimos tropeços, os resultados estão aparecendo. É importante para o mundo esportivo que tanto o Vitória quanto o Bahia estejam na Série A. É mais legal assim, mais divertido para os torcedores. Fábio Mota tem essa missão e esperamos que consiga cumprir.

Antes das eleições de 2022, o nome do então presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani, chegou a ser cotado para a chapa de ACM Neto. Se apostava que um bom desempenho do clube criasse as condições para que ele integrasse a majoritária. Poderia acontecer o mesmo com Fábio Mota, em caso de sucesso no Vitória?

Primeiro, espero que Fábio Mota realize os sonhos dos torcedores do Vitória. Agora, eu não entendo o clube de futebol como trampolim político. Quando fui presidente do Vitória, eu já era deputado estadual. E quando houve eleição eu me afastei da presidência do Vitória e só retornei depois do resultado das urnas, para que ninguém vinculasse a minha campanha com o clube. Mas tem gente que pensa diferente, como o ex-presidente do Vitória Paulo Carneiro, que usou o clube para ser vereador e depois deputado. Vários outros fazem isso, como fez também o ex-presidente do Flamengo, que hoje é deputado federal.

O caminho do Vitória é também o de se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF)?

Eu acho que sim. Eu conversei com o presidente do Vasco (Jorge Salgado) e eles tem um modelo muito atrativo de SAF, com 70% da empresa (777 Partners) e 30% do clube. Além disso, a empresa paga o aluguel do estádio próprio do Vasco. Então, você tem uma SAF no futebol e na receita do patrimônio, sendo que não entrega todo o futebol. O modelo do Bahia não é bom porque o Bahia ficou apenas com 10% do futebol e não tem patrimônio para alugar.

A Câmara também instalou uma CPI para investigar as ocupações de terra feitas pelo MST. O senhor, inclusive, comandou a instalação dessa comissão, embora não faça parte. Também não é a primeira vez que o MST se torna alvo de parlamentares. O que essa CPI vai fazer de diferente?

Eu fiz a instalação por ser um dos deputados mais longevos da Câmara, aí tive essa prerrogativa. Essa é uma CPI importante. Temos que respeitar o direito à propriedade. O produtor precisa de segurança jurídica. E o governo tem que adquirir terras improdutivas para fazer a reforma agrária. A reforma agrária deve ser feita pelo Estado brasileiro e não por meio de invasões de um movimento. O que não pode é um governo ficar incitando os sem-terra a invadir as terras, porque isso não é só um erro, é um crime. Acredito sim que essa CPI possa avançar. O sentimento na Câmara sobre isso é muito forte.

E a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do dia 8 de janeiro? O senhor é a favor?

Sou totalmente a favor. E quando vemos membros do governo se colocando contrários é porque certamente eles têm culpa no cartório. Vimos vídeos de um general (Gonçalves Dias) passeando dentro do Palácio do Planalto no dia da invasão. Então, quando você não quer que a verdade apareça, se coloca contra a investigação. A CPMI é importante e vai demonstrar que aquilo que aconteceu no dia 8 de janeiro não teve nada a ver com golpe no presidente eleito. Aquilo ali foi um movimento tanto de bolsonaristas insatisfeitos com o resultado da eleição quanto de petistas que queriam inflamar e dar uma repercussão maior ao movimento.

Então o senhor acha que o governo deve ser alvo da CPMI?

Com certeza.

Mas o senhor é de um partido que comanda três ministérios na Esplanada, além de cargos federais na Bahia, como o comando dos Correios. Não deveria estar na base do governo?

Não somos base, somos independentes. Eu vou votar no que acredito. Estou no meu oitavo mandato na Câmara e sempre me elegi sem depender de governo algum, mas sim em função de minha atuação, na assistência que dou aos municípios que represento, trazendo recursos para projetos importantes para a Bahia, como a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), o acesso ao aeroporto de Vitória da Conquista, a federalização de rodovias.

Fui oposição na Assembleia Legislativa, no governo Waldir Pires, quando só tínhamos 23 deputados estaduais contra o Executivo. Fizemos com o saudoso Luís Cabral uma oposição forte que terminou Waldir não aguentando mais e saiu com a desculpa de que queria ser candidato a vice-presidente na chapa de Ulisses Guimarães. Todo mundo sabe no que deu a história, com o retorno de Antonio Carlos Magalhães ao poder. Para mim, a política tem que ser feita com o objetivo maior de defender os interesses do Estado.

Veja, na Câmara eu fui vice-líder da presidente Dilma Rousseff (PT). Eu votei contra o impeachment dela, mesmo o PL, meu partido na época, tendo encaminhado a favor. Mas eu não poderia votar a favor por uma questão de coerência. Depois, fui vice-líder do presidente Michel Temer (MDB) e do presidente Jair Bolsonaro (PL). Então, eu defendo os interesses do país e não fico em brigas partidárias, em picuinhas, em radicalismos de esquerda ou de direita. Sempre fui do centro.

Esta semana deve ser votado na Câmara o projeto do marco fiscal, de total interesse do governo Lula (PT). O senhor votará a favor ou contra?

Houve um relatório do deputado Cláudio Cajado (PP) que eu acho que é muito benevolente com o governo, quando abre brechas para que se possa gastar mais. Isso não deveria existir. É como se tivesse dando uma carta branca ao governo para ficar mandando créditos extraordinários ao Congresso, que só precisam de maioria simples para passar. Mas o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), deu a oportunidade para que os deputados apresentassem emendas para melhorar o texto. Então, vamos ver como vai ficar o relatório.

Arthur Lira quer votar logo depois do marco fiscal a reforma tributária. O senhor, que vai assumir na próxima quarta-feira (24) o comando da Frente Parlamentar Mista da Indústria, acredita que essa pauta avance rapidamente como deseja o presidente da Câmara?

Já estamos debatendo a reforma tributária. Mas não é fácil conciliar interesses. Tem segmentos, como o do agronegócio ou da área de medicamentos, que desejam alíquotas diferenciadas. Então, eu defendo, e acho que esse será o caminho natural, a criação de um imposto único, o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), o que não impede a adoção de alíquotas diferenciadas por segmento.

Na frente parlamentar, vamos buscar conciliar, no âmbito da reforma tributária, os interesses da indústria nacional. Mas não só isso. Vamos acompanhar todos os projetos que temos na Câmara e no Senado relacionados à indústria e fazer uma discussão ampla envolvendo o vice-presidente da República e ministro Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio), outros setores do governo, estados, municípios, entidades empresariais e a sociedade como um todo. Queremos construir propostas redondas para o setor.

O setor empresarial tem visto com preocupação as críticas recorrentes feitas por Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Netto, em função da taxa de juros. O senhor está de que lado nessa questão?

Sou totalmente contrário a essas críticas ao Banco Central. O presidente Lula comete um grande erro. Vamos recordar que quando Henrique Meirelles foi presidente do Banco Central (nos dois primeiros governos de Lula), o então vice-presidente José Alencar sempre criticava os juros altos, batia constantemente. Mas manter os juros altos não é algo que dá prazer ao presidente do Banco Central. Isso acontece pela responsabilidade que é preciso ter com a economia, no combate à inflação. Inflação alta é ruim para os investidores. Não se baixa juros por decreto e a autonomia do Banco Central é uma conquista que precisa ser respeitada.

A Câmara deve analisar nos próximos dias a Medida Provisória (MP) que remodelou a estrutura administrativa da Esplanada dos Ministérios, que está quase caducando, o que seria um caos para o governo. Os deputados pretendem alterar o texto da MP e, por exemplo, recriar a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), estrutura que sempre foi cobiçada na disputa por cargos federais, inclusive na Bahia?

Essa MP tem sido muito criticada na Câmara. O pessoal do agro não admite, por exemplo, que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) saia do Ministério da Agricultura e vá para o Ministério do Desenvolvimento Agrário. A política de alimentos deve ser feita na pasta da Agricultura. Essa é uma das discussões. A outra é essa que você falou, sobre a Funasa, e muitos deputados não admitem que essa estrutura seja extinta. Mas tem vários outros pontos, até porque enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) extinguiu ministérios, Lula recriou tudo novamente, alterando muita coisa e gerando descontentamento no Congresso. Certamente essa MP será alterada.

Os deputados também estão insatisfeitos com a demora na liberação de emendas por parte do governo. Há mesmo uma zanga com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT)?

O governo não está liberando os recursos para as emendas empenhadas no governo passado. Eles não se dignaram a pagar. Isso cria uma insatisfação muito grande dentro da Câmara dos Deputados no sentido de aprovar projetos do governo. Como se vai votar se os deputados não são atendidos pelo governo? Por isso tivemos que derrotar o governo em alguns projetos. Essas emendas, é bom ressaltar, não vão para o deputado, são para investimentos nos municípios, para obras de pavimentação, construção de escolas e unidades de saúde.

Sobre o Rui Costa, ele não tem relação direta com o Congresso. A relação dele é com os ministros do governo. Quem faz essa relação conosco é o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Esse sim precisa dialogar com Rui Costa. É algo que precisa melhorar, esse relacionamento do governo com os deputados.

O senhor acha que o Orçamento secreto ficou no passado?

Acabou sim, até por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). As nossas emendas giravam em torno de R$16 milhões e fração, e foram para R$32 milhões com o fim das emendas de relator. Então, isso já deu uma horizontalidade aos deputados de poder usar as suas emendas de maneira igualitária entre todos. Na RP9, as emendas de relator, uns eram agraciados e outros não, e quem controlava isso era o relator do Orçamento. Do jeito que ficou, contenta a maioria dos deputados da Casa. Agora o governo vai mandar outros recursos diretamente aos ministérios para que se transformem em ações.

Tirando essas insatisfações, como avalia esse início de governo Lula?

Acho que o governo Lula não começou ainda. Ele está se preocupando demais em fazer viagens pelo mundo. Veja a quantidade de idas e vindas a países sem nenhum resultado prático. Nos EUA mesmo não teve nenhum resultado. Agora ele está se preocupando em fazer um acordo entre a Rússia e a Ucrânia. Ora, é um assunto muito grande para ele estar se metendo.

O governo que o senhor critica comemorou muito a cassação de seu colega Deltran Dallagnol (Pode-PR). Acha que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi correta?

Foi um absurdo isso. Quem deveria ser penalizado é o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná, que permitiu que ele (Deltran) fosse candidato, registrasse a candidatura. Quer dizer que isso é feito depois que ele é eleito e empossado, já com a cadeira de deputado? Já que ele foi eleito e estava cumprindo o mandato, acho que o TSE deveria respeitar isso porque a culpa foi do TRE que não atuou no momento adequado.

Seu colega e líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento, é de fato o favorito para suceder Arhur Lira na presidência da Casa?

Elmar é um nome forte. Ele tem exercido a liderança do União Brasil com muita firmeza e democracia, deixando os deputados do partido com liberdade de colocar as próprias posições e até votar contrariando determinados encaminhamentos que ele faz. Arthur Lira e Elmar são amigos pessoais e o atual presidente já escolheu o líder do União Brasil como seu candidato. Então, tudo indica que teremos um baiano como próximo presidente da Câmara. Mas não só pela amizade, mas pelo merecimento, competência e o apoio forte de Arthur Lira.

Ainda existe possibilidade da formação de uma federação entre o União Brasil e o partido de Lira, o PP?

Não vejo mais essa possibilidade.

Sabemos que não avançou por conta de disputas internas no União Brasil. A fusão com o PSL foi um bom negócio? Está dando certo?

Foi uma fusão acertada na medida em que a eleição nos colocou como o partido com a terceira maior bancada na Câmara em número de parlamentares. Agora o que precisa é de entendimento entre a lideranças do partido. Eu já entrei no partido depois da fusão, na janela eleitoral, vindo do PL. Mas compreendo que não pode haver dissenso nem de um lado e nem do outro. Acho que ainda precisa ter um acerto aí para que o partido fique mais unido.

A questão da federação com um PP foi um caso. Uma parte do União Brasil era contra e o PP era todo favorável. Ou seja, não aconteceu por conta do União Brasil. Eu era a favor. Acho agora que é totalmente difícil isso voltar.

ACM Neto, que é secretário-geral do União Brasil, será o nome do partido para disputar novamente o governo da Bahia em 2026? Ou ele pode, em sua opinião, disputar a Prefeitura de Salvador novamente em 2024?

Em 2024 o prefeito Bruno Reis (União) vai para a reeleição. Com toda certeza, Neto será candidato em 2026. Ele é um político que tem competência, preparo e todos os predicados para ser governador e fazer o que fez em Salvador, onde foi reeleito e fez o sucessor com folga. Ele tem a idade a favor. Pode tranquilamente esperar até 2026.

Além disso, Neto terá, em 2026, um quadro nacional mais favorável, que é a candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ele realiza um grande trabalho em São Paulo. A bandeira de Tarcísio de Freitas para presidente será levantada por ACM Neto na Bahia. Assim, teremos grandes chances de ganhar a eleição porque, em 2022, diante da polarização entre Lula e Bolsonaro, houve uma posição de neutralidade necessária que prejudicou.

O senhor então acha que Bolsonaro não será candidato a presidente em 2026?

Olha, Bolsonaro tem várias pendências, processos que estão tramitando. Isso pode atrapalhar.

A que o senhor atribui a derrota de ACM Neto, que era amplo favorito, em 2022?

O grande fator aí foi a força de Lula na Bahia. Isso ficou claro. Neto ficou numa posição de não ter candidato a presidente, porque se apoiasse um perderia a simpatia do outro grupo. Foi uma disputa muito polarizada. Então, Neto ficou numa encruzilhada.

Que avaliação faz desse início de governo Jerônimo Rodrigues (PT)?

Eu vejo que ele está fazendo um governo de gestão, que está agradando no momento. Porque o governo é menos política e mais gestão. Quando faz só gestão é mais equilibrado e faz para os dois lados. Quando faz só política, o trabalho é só para quem está ao seu lado. Vejo nesse início que Jerônimo está andando bem, em minha avaliação.

O senhor tem dito que pretende disputar o Senado em 2026. Mas Elmar Nascimento tem a mesma pretensão. Como vai ficar?

Vou disputar o Senado e meu filho (deputado estadual Manuel Rocha, do União Brasil) vai concorrer a deputado federal. São duas vagas para o Senado, então não vejo problemas.

Mas outros partidos aliados de ACM Neto também devem pleitear uma vaga…

Pois é, mas o fato é que são duas vagas. Cada partido pode apresentar dois nomes. Eu pretendo continuar no partido com o objetivo de ser candidato a senador. Já estou trabalhando nesse sentido.

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