23 novembro 2024
Eduardo Salles é engenheiro agrônomo com mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Está no seu terceiro mandato de deputado estadual e preside a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, além da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo. É ex-secretário estadual de Agricultura e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (CONSEAGRI). Foi presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia e da Câmara de Comércio Brasil/Portugal. Há 20 anos é diretor da Associação Comercial da Bahia. Ele escreve neste Política Livre mensalmente.
A pandemia do novo coronavírus é uma tragédia humana e econômica em nosso país e no mundo. Por aqui, não há como negar que mais de 100 mil mortos e milhares de empregos perdidos e empresas fechadas mostram o retrato cruel de um momento terrível da nossa história. Porém, é verdade também que é após as tragédias que as grandes nações são construídas.
Não estou entre os que acreditam em salvadores ou fórmulas mágicas. Para mim a força motriz de um país é planejar e colocar em prática um projeto que busque o desenvolvimento econômico para oferecer à população uma melhor qualidade de vida.
Sei que o momento sanitário exige cautela, visto que ainda temos um número elevado de mortos pela COVID-19 e contaminados pelo novo coronavírus. Mas acredito que o planejamento e a correção dos rumos econômicos não impedem as autoridades médicas de continuarem o combate à pandemia. São trabalhos que podem ocorrer concomitantemente.
A recuperação econômica precisa ser construída não apenas com planos emergenciais, que são importantes neste momento, é verdade, mas com planejamento de longo prazo, independente do projeto político no poder no momento, e que permita ao setor produtivo como um todo ter o mínimo de previsibilidade para investir e gerar empregos.
Como engenheiro agrônomo e a vida ligada à agropecuária em cargo público e na iniciativa privada, conheço a capacidade do setor em gerar riquezas ao país. É a principal mola propulsora da economia e ainda pode render mais divisas, mas precisamos melhorar a infraestrutura de escoamento com estradas, portos e ferrovias para baratear os custos de produção.
Revitalizar e modernizar nossos parques industriais precisam ser prioridades dos governos federal, estaduais e municipais sob pena de vermos minguar um dos setores responsáveis por milhões de postos de trabalho. Mas é fundamental pensar a longo prazo, com políticas públicas efetivas de investimento em educação, ciência, tecnologia e inovação, pilares da indústria.
Os micros, pequenos e médios estabelecimentos comerciais, seja de lojistas ou prestação de serviços, respondem por grande parte do PIB brasileiro e precisam de uma legislação adequada às suas realidades.
Não vamos erguer um grande país sem a construção de um planejamento de longo prazo produzido pelos representantes eleitos de forma democrática pela população. Esses atores políticos podem preservar suas diferenças ideológicas, mas as divergências não podem ser capazes de inviabilizar o crescimento.
Não há como negar a necessidade premente de reformas de modernização do Estado brasileiro para oferecer à população mais qualidade de vida. Porém, é preciso também enxergar as peculiaridades nacionais, e as históricas desigualdades sociais, para que a dose do remédio não traga mais prejuízos do que benefícios.
As grandes democracias liberais atuais nos provam que é possível passar por momentos difíceis e construir uma nação próspera, desde que o setor produtivo, responsável pelo crescimento econômico de qualquer país, tenha condições favoráveis para se desenvolver.
Sou um defensor incondicional da crença de que temos todas as condições para sermos uma grande nação e trabalho como deputado estadual e presidente da Frente Parlamentar do Setor Produtivo por uma legislação e ações que permitam o crescimento econômico do nosso Estado e do Brasil.
Sei que os governos federal, estaduais e municipais tiveram uma queda enorme em suas arrecadações, o que diminui, neste primeiro momento, as possibilidades de investimentos. Mas, em compensação, é urgente a apresentação de um plano para o setor produtivo na próxima década.
Chegou o momento de o poder público oferecer ao setor produtivo as ferramentas necessárias para sairmos da crise, retomarmos o crescimento e construirmos uma nação próspera.