27 novembro 2024
Finalmente alguém no Democratas se digna a dar uma mãozinha ao prefeito ACM Neto (DEM) com relação à escolha do candidato das oposições ao governo do Estado. Neto recebeu a incumbência de promover a definição por parte dos partidos oposicionistas, impossibilitados de, eles mesmos, escolherem o melhor entre o ex-governador Paulo Souto (DEM) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).
Mas é claro que está tendo dificuldades de cumprir a missão que lhe foi delegada. A demora para assumir o ônus e o bônus de anunciar o nome do seu preferido é o maior indicativo de que não vive dias tranquilos. É aí que entra o prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo (DEM), admitindo que se deve tirar “um pouco da responsabilidade” da escolha das mãos do prefeito de Salvador.
José Ronaldo deu as declarações em entrevista durante uma visita ao jornal A Tarde, ontem. Ele defendeu uma discussão ampliada com candidatos a tudo no campo oposicionista para que se tente chegar a um consenso. Mas aproveitou para deixar a mensagem num veículo de comunicação de massa baseado em Salvador, centro de irradiação da política estadual, de que seu preferido é o correligionário Paulo Souto.
O prefeito já tinha assinalado o posicionamento numa reunião reservada com o próprio Neto, noticiada com exclusividade por este Política Livre (ver aqui). Na época, se referira à superioridade de Souto nas pesquisas, ítem que considerou fundamental na definição de uma candidatura na entrevista que deu ao jornal A Tarde. A manifestação do prefeito de Feira é um mais passo no processo de afunilamento da escolha. Mas não só isso.
Há quem veja na manifestação de José Ronaldo, um político normalmente retraído, que evita se expor, um empurrãozinho para que Neto se defina logo e em favor de Souto. Afinal, assim como o prefeito de Feira, Neto é do DEM, o mesmo partido do ex-governador. Os dois também comandam as duas mais importantes cidades da Bahia e, por este motivo, representam o baluarte do DEM no Estado.
Por que Neto ficaria sozinho no partido e, pior que isto, calado, uma posição que sempre foi mais comum em José Ronaldo? Não deve ser por acaso que a manifestação do prefeito de Feira de Santana apareça no momento em que a idéia da unidade, pelo menos na visão dos correligionários de Souto, tenha deixado de ser encarada como algo essencial à vitória das oposições em outubro. É aguardar para ver.