23 novembro 2024
Uma perícia do Ministério Público Federal sobre o sistema de contabilidade paralela da Odebrecht concluiu que a empreiteira pagou R$ 500 mil em caixa dois para a campanha do senador Fernando Collor (PTC), em 2010. O documento, datado de abril, foi anexado aos autos de investigação contra o parlamentar no Supremo Tribunal Federal. De acordo com a perícia, o dinheiro teria sido entregue em espécie ao ex-presidente da República. De acordo com o perito criminal da Procuradoria-Geral da República Gilberto Mendes, foram ‘levantados os registros identificados nos discos rígidos fornecidos pela Odebrecht e por autoridades suíças ao Ministério Público Federal contendo relatórios extraídos do “MyWebDay”‘ – sistema de contabilidade paralela da empreiteira mantido na Suíça fornecido à Lava Jato por meio de cooperação jurídica internacional. Delatores da empreiteira afirmaram ter feito repasses de R$ 500 mil em 2010 e de R$ 300 mil em 2014, no entanto, os relatórios identificados constam apenas pagamentos da empreiteira até o mês de junho de 2012. De acordo com o perito, ‘foram encontradas evidências de que a Odebrecht efetuou pagamentos de, pelo menos, R$ 500 mil reais, em setembro/2010, destinados ao codinome Roxinho, que segundo executivos da Odebrecht identifica o Senador Fernando Collor de Mello. Segundo a perícia, um dos documentos revela ‘extrato da conta de controle da Odebrecht denominada Paulistinha Real, operacionalizada pelo doleiro Álvaro José Novis para viabilizar os pagamentos em espécie (reais) na cidade de São Paulo/SP. “Os registros existentes nesses extratos revelam quais as contas de onde saíram os recursos para viabilizar os pagamentos da empreiteira ao codinome Roxinho”. “O dinheiro para o primeiro pagamento de R$ 300 mil foi viabilizado a partir da conta de controle da Odebrecht denominada Paulistinha-Real, operacionalizada pelo doleiro Álvaro José Novis para realizar pagamentos em espécie na cidade de São Paulo/SP, enquanto os recursos para o segundo pagamento no valor de R$ 200 mil foram obtidos por meio de outra conta de controle da Odebrecht, denominada Bambi Real”, escreveu. O ex-presidente Fernando Collor de Mello – ‘roxinho’ na lista da Odebrecht, em razão da célebre frase ‘eu tenho aquilo roxo’, proferida nos anos 1990 – teria sido beneficiário de caixa dois da Odebrecht Ambiental em razão do lobby pela privatização do saneamento de Alagoas, segundo o ex-presidente da empresa de saneamento do Grupo. Os valores teriam sido operacionalizados entre os executivos e o primo do senador Euclydes Mello, de acordo com a delação da empreiteira.
Estadão