23 novembro 2024
João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.
Considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, o pernambucano Paulo Freire revolucionou a educação no Brasil. O conjunto de ideias divulgado ao longo do tempo influenciou o movimento conhecido como pedagogia crítica. Procurou inspiração na liberdade para traçar os caminhos até um aprendizado eficaz, libertando os estudantes de antigos chavões, estimulando-os a criar as próprias trilhas do entendimento.
Mas Paulo Freire, um dos brasileiros mais homenageados da história, não defendia que os alunos fossem autodidatas. Ao contrário, entendia como eficiente que os professores exercessem a autoridade em sala de aula. “Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”, repetia ele, apostando que os dois lados aprendem juntos. No entanto, acreditava que essa relação apenas dava certo se baseada em ambiente afetivo e democrático.
Para os professores as mensagens claras da pedagogia freireana evidenciam a necessidade de formação rigorosa e permanente. Os educadores de seu tempo e pós Freire perceberam que os indivíduos são seres inacabados, sempre prontos a aprender. “O mundo não é, o mundo está”. Essa é uma das frases mais perenes e que soa como um mantra. Podemos aplicá-la em qualquer aspecto da vida. Continuamos em formação. Ninguém sabe tudo ou o suficiente para se despir da curiosidade investigativa nem da humildade necessárias para absorver conhecimentos que se somam em nós, a cada dia. São 16 anos sem Paulo Freire completados no dia 2 de maio. Seus pensamentos continuam nos instigando.
O marco de seu trabalho foi uma experiência registrada em 1963 quando levou 300 pessoas a ler e escrever em 45 dias. Eram cortadores de cana do Rio Grande do Norte. Mas Freire descartava a ideia de que educar era um ato isolado. Acreditava que também era um ato político e levava o alunado a entender sua situação de oprimido e agir em favor da própria libertação. Educar significou pra ele inquietar o aluno, empurrando-o a buscar novos horizontes.
Após os resultados satisfatórios adotou a prática revolucionária também em Pernambuco mas terminou sendo encarcerado durante o golpe militar. Foi exilado e escreveu o livro mais famoso, “Pedagogia do Oprimido”, publicado no Brasil após alcançar sucesso no exterior. Freire deu aulas nos Estados Unidos e na Suíça e organizou planos de alfabetização de adultos em países africanos.
O pernambucano, orgulho maior de nossa educação, nomeado doutor honoris causa de 28 universidades em diferentes países teve obras traduzidas em mais de 20 idiomas. Um dos mais norteadores pensamentos de Freire incita o professor a agir na escola de acordo com princípios que realmente acredita. Isso certamente fez e continua fazendo toda a diferença. Ave, Freire!!