24 novembro 2024
Política Livre: A partir destas declarações no palanque de Pinheiro, o mundo político diz que o senhor colocou o candidato do PT no colo e que isto significaria, na hipótese de ele perder as eleições, uma derrota mais sua do que dele. O senhor avalia que será uma derrota sua se Pinheiro perder?
Jaques Wagner: Eu não estou preocupado com isto. Evidentemente, na medida que me posicionei e na medida que, em função da deslealdade cometida por eles da campanha em relação ao meu governo e meu partido, será lida como uma derrota. Eu também perdi em Feira de Santana – onde PT e PMDB tentavam chegar ao segundo turno e nenhum dos dois chegou, eu também perdi em Itabuna. Então, eu não tenho esta leitura, que na minha opinião é simplificadora da política – óbvio que o resultado eleitoral é importante, todo mundo comemora – mas daqui a dois anos é daqui a dois anos. Eu ganhei em Feira de Santana, em 2006, do governador Paulo Souto, apoiado pelo prefeito José Ronaldo bem avaliado e os meus candidatos agora em 2008 perderam para o candidato de José Ronaldo. O povo está de que lado? O povo do Brasil e da Bahia está ficando mais maduro. Então, para cada eleição ele olha o quadro e vê o que é melhor para ele.
Eu já disse que a notícia era boa, porque pela primeira vez, desde 85, o PFL não está no segundo turno – então, eu considero que até aqui eu já tive uma vitória. O desentendimento pontual com a candidatura e com a campanha que o PMDB vem fazendo pode implicar numa derrota aqui, não tem problema. Aliás, eu perdi com o PMDB em Itapetinga. Fui fazer a campanha do (prefeito) Michel Hage e o PT, que era o adversário, ganhou. Eu tento ter um comportamento que tenha uma lógica. A lógica que eu tive neste caso foi de ampliar a nossa base e ampliamos. Aqui, houve um aquecimento que, na minha opinião, passou do ponto da parte da candidatura do PMDB. Eu vou repetir – eu em nenhum momento desqualifiquei até quarta-feira João Henrique, em nenhum momento desqualifiquei o PMDB. Na medida em que PMDB e JH vieram desqualificar, inclusive, no debate que ele teve com Pinheiro, o meu governo e o meu partido, aí romperam o acordo comigo de respeito mútuo. Então, eu fui realmente responder à agressão que eles me fizeram. Se você me perguntar se isto significa alguma coisa, não significa nada, porque eu ainda não tomei nenhuma decisão.