27 novembro 2024
Em meados de abril, a reportagem da Folha teve o seguinte diálogo com Sueli Dumont, chefe de uma família de 17 pessoas em uma favela de Pernambuco:
“A sra. sabe que haverá eleições neste ano?”
“Para prefeito?”
“Não, para presidente. A sra. conhece os candidatos ou sabe em quem vai votar?”
“Em Lula!”
“Mas ele não pode ser candidato desta vez…”
“Meu Deus! Pode não?”
Ao que a filha de Sueli interveio: “Ô, “mainha”, é a mulher de Lula que vai entrar no lugar dele.”
“E como é o nome dela?”
“É Vilma” -disse a filha.
“Vou votar em Vilma” – emendou Sueli.
Na época, Serra estava em seu auge, segundo o Datafolha. Tinha 40%, ante 29% de Dilma.
Abril também sucedeu o trimestre em que o Brasil mais cresceu em décadas. O país “rodava” a mais de 11% ao ano, em ritmo chinês.
No mesmo período, o aumento médio da renda per capita já retornava ao ritmo pré-crise de 2009. Subia cerca de 5,5% ao ano na média do país; e 7,5% no Nordeste. A classe C voltava a crescer nesse embalo.
Naquele abril, a taxa nacional de ótimo/bom de Lula era de 73%. No Nordeste, região que mais crescia, 83% o aprovavam. O Nordeste também era a única área do país em que Dilma já estava à frente de Serra.
A partir daí, Dilma passou a subir, sempre no vácuo da popularidade de Lula. E Serra, a cair.
Hoje, dia em que conheceremos o resultado da eleição presidencial, Lula tem nacionalmente a mesma aprovação que detinha apenas no Nordeste lá em abril: 83%.
Um último ponto sobre aquele mesmo abril, quando o jogo virou: 14% dos pesquisados diziam que votariam em quem Lula indicasse. O mesmo percentual, que corresponde a 18 milhões de eleitores, nunca tinha ouvido falar de Dilma.
Eles farão a diferença hoje. (Folha)