03 de novembro de 2013 | 10:16

Enquanto classe média se esconde, periferia tem vida noturna bem ativa

salvador

Na divisa entre os bairros do IAPI, Pau Miúdo e Caixa D’Água, o Largo do Tamarineiro não prega os olhos. A hora que for, de terça a domingo, pode ser alta madrugada, as luzes das barracas de feijão estão acesas. Gente sem sono senta às mesas postas no meio da rua e enche a barriga depois da noitada ou antes de voltar para casa após o trabalho. Passa de 0h30 e, enquanto tempera o último pedaço de charque com um pouco mais de molho lambão, o motorista do CORREIO Jair Guimarães liga para casa. “Tô aqui no Tamarineiro. Não deixe os meninos dormirem, não, porque tô chegando com o feijão. E ainda tem dois espetinhos de cupim que comprei lá em Periperi”. Talvez Jair não perceba, mas, ao ser servido (e bem servido), com uma feijoada altas horas, numa quinta-feira, é um privilegiado. Não é qualquer lugar de boa comida que fica acordado até tarde em Salvador. A movimentação noturna no meio da semana é cada vez mais uma exclusividade dos bairros periféricos. Enquanto a classe média dorme, uma aventura gastro-etílico-cultural — por vezes religiosa — ocorre nas ruas e praças da periferia. Nada parecido com o que o CORREIO publicou domingo passado: ruas inertes e desertas de bairros como Barra, Graça, Pituba, Campo Grande e orla. Sem qualquer movimento a partir das 21h, eles se tornam lugares fantasma durante a semana. Leia mais no Correio*.

Alexandre Lyrio, Correio*
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