Foto: Agência Brasil
Ex-ministra Eliana Calmon 23 de dezembro de 2013 | 09:06

Os desafios da ex-ministra Eliana Calmon para 2014

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Há certo otimismo exagerado nas expectativas com relação à performance eleitoral da ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon, que se filiou na semana passada ao PSB para disputar uma vaga no Senado pela Bahia na chapa que será encabeçada pela senadora Lídice da Mata ao governo do Estado no ano que vem. E ele parece traduzir mais uma torcida do que uma avaliação isenta sobre o verdadeiro desafio que será encarado pela ex-magistrada numa campanha que até agora se apresenta como muito morna, mas não deve ser menos dura por isso.

Por tudo que Eliana representa do ponto de vista ético e moral, por seus corajosos posicionamentos no curso de sua atuação como membro de uma magistratura que se habituou a exercer sua autoridade muitas vezes de costas para a sociedade e por sua trajetória que enche de orgulho amplos setores do eleitorado carentes de representantes para valores que o Brasil deixou de defender e exaltar principalmente na última década, é natural que se veja nos planos da ex-ministra uma grandiosa perspectiva de sucesso.

A eventual chegada de Eliana à chamada Câmara Alta, além de resgatar certa tradição baiana de, de tempos em tempos, ter conseguido eleger quadros ilustres para um espaço destinado ao debate dos grandes temas que afetam o país, é, em tese, a garantia de que se poderá contar com uma liderança que tem a capacidade de colocar o dedo na ferida, de contestar, confrontar, discutir, questionar e, quando necessário, conciliar, colocando os interesses coletivos acima dos pessoais, sem dúvida, uma regra que lamentavelmente virou exceção no exercício da política no país.

Mas, exatamente no meio entre o sonho e a realidade de transformar Eliana numa representante do mais alto gabarito da política baiana não se deve esquecer que existe aquele senhor, o voto, que não é exercido apenas pelos milhões de baianos que podem se sentir identificados automaticamente com a ex-ministra ou passarem a admirá-la de forma instantânea ao tomarem conhecimento de suas elogiáveis peripécias no campo da magistratura, mas por um contingente igualmente significativo de cidadãos que o trocam por motivos tão inconfessáveis quanto a maioria dos conchavos e motivações políticas de que o país virou palco.

Enfrentar uma disputa nestes termos exige tudo, menos ingenuidade ou falta de profissionalismo, além de certezas calcadas em pressupostos difusos ou pouco confiáveis como o de que Eliana, sozinha, será capaz de galvanizar atenções e simpatias de tantos quantos desejem a transformação do país numa nação digna de se viver. Sobressaltam também como requisitos para sua eventual vitória, ao lado da vontade e da determinação de se eleger, a estrutura para que a candidata possa efetivamente dar corpo e voz à mensagem capaz de sensibilizar corações e mentes na campanha do ano que vem.

Partido, para tanto, Eliana tem. E a agremiação liderada na Bahia pela senadora e pré-candidata Lídice da Mata conseguiu se mostrar unida em torno do projeto de eleger outra senadora na última quinta-feira, quando organizou a festa de filiação da ex-magistrada. É com o suporte do PSB que Eliana deve estruturar uma campanha capaz de agregar o maior número de apoios possível a uma candidatura que precisa ganhar as ruas com a dimensão que lhe empresta um nome que tem tudo para chegar lá e fazer a diferença.

Raul Monteiro
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