27 novembro 2024
A chanceler argentina, Susana Malcorra, considera legal o processo que afastou a presidente Dilma Rousseff do cargo, embora veja uma controvérsia sobre a legitimidade da ação. O governo de Mauricio Macri reconheceu por meio de nota as “novas autoridades instituídas” no Brasil minutos após a votação da admissibilidade do processo de impeachment no Senado que levou, na quinta-feira passada, Michel Temer ao posto de presidente em exercício. A rapidez com que a Casa Rosada emitiu a declaração foi criticada pela oposição peronista e por alguns aliados de Macri.”Não restava outra alternativa que não fosse fazer um reconhecimento. Do ponto de vista formal, não se pode dizer que não seguiu a legalidade. Alguém pode perguntar se seguiu a legitimidade, que é o que causa incômodo em muitos”, afirmou Malcorra em entrevista em Londres, publicada nesta segunda-feira 16, pelo jornal Clarín.A chanceler argentina classificou a situação brasileira como “difícil” justamente por considerar tênue o limite entre legalidade e legitimidade, mas indicou não haver razão para punir o País com base em cláusula democrática que poderia ser imposta em caso de decisão unânime do Mercosul ou da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).”Discutimos isso com o Brasil. Eles sentem que caminharam nesse caminho estreito da legalidade versus legitimidade. Mas sentem que a aplicação de uma cláusula democrática pode atingir até mais do que já está afetando”, acrescentou.
Estadão Conteúdo