27 novembro 2024
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), criticou o governo Michel Temer por tentar impedir a cassação do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em entrevista à Rádio Estadão nesta quarta-feira, 8. O parlamentar atribuiu a uma “manobra” do Planalto com o PRB – partido da deputada Tia Eron (BA), considerada o voto decisivo no colegiado – o motivo para ter decidido adiar a votação do parecer pela cassação do peemedebista, feito pelo deputado Marcos Rogério (DEM-RO). “Não é certo o jogo de cartas marcadas. Senti naquele momento que governo entrou no jogo e decidia a favor de Eduardo Cunha. Eu tinha que dar um tempo para que o governo e a deputada repensassem. Esse não é assunto do governo. Esse é assunto da Câmara dos Deputados. Um problema de ética e decoro. Governo não tem que se envolver”, disse o presidente do Conselho de Ética. Araújo, que tem clara posição pela cassação de Cunha, também criticou a atitude de Tia Eron de não aparecer na sessão de terça, 7. Com a ausência dela, quem votaria em seu lugar seria o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado do presidente afastado da Câmara. “Dei tempo para que a deputada Tia Eron veja que o Brasil e a Bahia são maiores do que o interesse do governo nesse caso. Ela está refém, prenderam ela na liderança do partido ontem. Ficou claro que ela foi manipulada pelo partido”, contou Araújo, ressaltando que o presidente do PRB, Marcos Pereira, atual ministro da Indústria e Comércio, teve reunião no Planalto antes da reunião do Conselho. O governo diz que foram tratados apenas assuntos administrativos. Na semana passada, Tia Eron havia elogiado o relatório de Marcos Rogério e indicou um possível voto a favor da cassação de Cunha. Após a sessão ser cancelada, a deputada deixou a sede do PRB na Câmara, dizendo que iria participar da votação e que iria analisar o voto em separado proposto pelo deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), que pede suspensão de Cunha por três meses e preservação do mandato. Leia mais no Estadão.
Estadão