16 de janeiro de 2017 | 07:13

Marketing avança no vácuo da antipolítica

brasil

A dedicação em cumprir uma agenda popular e performática tem marcado o início de diversas administrações municipais. Com o óbvio desgaste da figura do político tradicional, e o sucesso eleitoral de quem se apresentou ao eleitor como “não político”, os novos prefeitos estão tentando mostrar que também “trabalham de verdade”, “acordam cedo”, “põem a mão na massa”, “arregaçam as mangas” e “são gente como a gente”. Não à toa, em São Paulo, João Doria (PSDB) estreou como prefeito vestido de gari e cimentando uma calçada; enquanto no Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB) deixava-se fotografar em plena doação de sangue e durante uma roda de capoeira. Os mandatários de Belo Horizonte e Curitiba também não ficaram atrás: Alexandre Kalil (PHS) virou notícia por “almoçar de marmitex”; e Rafael Greca (PMN) destacou-se por usar o transporte público para comparecer à própria diplomação. Em cidades menores, o fenômeno é ainda mais comum. Além das varrições públicas, prefeitos capinam um lote, desentopem bueiros, dirigem empilhadeiras e etc. e tal. “Os prefeitos estão buscando uma legitimidade típica de começo de mandato. Trata-se, claro, de uma legitimidade simbólica – que no universo político é muito importante. Ao se vestir de gari, por exemplo, o político quer passar a mensagem de que vai trabalhar duro pela cidade”, comenta o cientista político Cláudio Couto, professor do Departamento de Gestão Pública Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP). Para ele, o marketing por trás desse tipo de ação não é um “mal em si”. “A questão é que isso não pode se tornar o fator principal dentro de uma administração. Não é se vestir de trabalhador que vai transformar alguém em um bom prefeito.”

AE
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