27 novembro 2024
Em depoimento prestado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na noite de segunda-feira, 6, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar afirmou que a empreiteira pagou R$ 7 milhões para cada um desses três partidos: PROS, PCdoB e PRB, em um total de R$ 21 milhões. Esses pagamentos teriam sido realizados com a intermediação do então tesoureiro da campanha de Dilma, o ex-ministro Edinho Silva. Alexandrino disse ao ministro Herman Benjamin, relator da ação que pode levar à cassação da chapa Dilma-Temer, que os pagamentos foram feitos via caixa 2 para garantir o apoio político dessas siglas à chapa que unia PT e PMDB na campanha presidencial de 2014. Com o pagamento milionário aos partidos, a chapa Dilma-Temer teria obtido a adesão de mais siglas à coligação que saiu vitoriosa naquelas eleições, além de garantir mais tempo de propaganda na televisão. Em fevereiro, o Estado revelou que o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, negociou um repasse de R$ 7 milhões do caixa 2 da Odebrecht para o PRB na campanha de 2014. Na época, o ministro afirmou “desconhecer” essa operação e disse que “delação não é prova”. Na semana passada, o ex-diretor da Odebrecht Ambiental Fernando Cunha Reis afirmou que foram pagos R$ 4 milhões ao PDT para obter o apoio do partido à chapa presidencial de Dilma e Temer. O TSE ouviu na segunda-feira, 6, três delatores da Odebrecht no edifício-sede da corte eleitoral, em Brasília. As oitivas foram cercadas de sigilo – quem acompanhou os depoimentos foi proibido de usar o aparelho celular para evitar vazamentos. O TSE mudou em 2015 a sua jurisprudência e passou a reconhecer a compra de apoio político como uma forma de abuso de poder econômico. Por unanimidade, a corte eleitoral manteve a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS), que cassou os mandatos do então prefeito de Crissiumal, Walter Luis Heck (PSB), e do seu vice, Ivano Adelar Zorzo (PP), atendendo pedido do Ministério Público. A ação que pode levar à cassação do mandato de Temer apura se a chapa Dilma-Temer cometeu abuso de poder político e econômico nas eleições de 2014. Segundo fontes que acompanham as investigações, esses novos depoimentos complicam a vida de Temer, já que o maior tempo de propaganda eleitoral teria beneficiado a chapa como um todo, independentemente do envolvimento ou não do então vice-presidente nas negociações de apoio político.
Estadão