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Senador Ivo Cassol (PP-RO) 17 de abril de 2017 | 07:45

Cassol ‘Maçaranduba’ ficou com R$ 2 mi por apoio à hidrelétrica, diz delator

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Sob o codinome ‘Maçaranduba’, o senador Ivo Cassol (PP-RO) recebeu R$ 2 milhões da Odebrecht pelo apoio ao projeto da hidrelétrica de Santo Antônio, em Porto Velho, de acordo com o delator Henrique Serrano do Prado Valadares. O delator afirmou em depoimento que autorizou o pagamento para Cassol porque, quando governador, ‘ele era um garoto propaganda da Odebrecht, sem que a gente pedisse nada para ele’. Valadares contou à Procuradoria que o ex-secretário de Planejamento de Rondônia, João Carlos Gonçalves Ribeiro, também pediu ‘uma ajuda de R$ 1 milhão’ da construtora. “Ele era um cara que entrava nos detalhes das coisas e ajudava a destravar e dar a agilidade que a gente precisava para cumprir os prazos. Dependia de muitas providências por parte do Estado, de licenças e permissões. O João Carlos ajudou muito nisso como secretário de planejamento do Ivo Cassol”, disse. O departamento de propinas da Odebrecht registrou João Carlos sob o pseudônimo ‘Dallas’. Os pagamentos feitos para ambos foram solicitados a Eduardo Melo Pinto, presidente da Santo Antônio Energia S/A (Saesa), concessionária que administra a usina. O dinheiro era proveniente de caixa dois gerado ao longo da obra. Em outra ocasião, a construtora pagou despesas de Cassol com advogados. A conta foi assumida pelo ex-diretor de contratos da Saesa, José Bonifácio Pinto Júnior. “Ele [Cassol] tem um monte de processos nas costas. Um deles, recentemente, causou o afastamento dele. Então pagamos também”, explicou Valadares, que afirmou não saber o valor do pagamento ou quem eram os advogados em questão. De acordo com o delator, o ex-governador teve, ainda, uma viagem para Nova York bancada pelo caixa dois da hidrelétrica de Santo Antônio. Identificado na planilha do departamento de propinas como ‘New York’, o pagamento foi feito para “custear uma viagem do governador Ivo Cassol, provavelmente com a mulher”, relatou Valadares. Outros políticos de Rondônia também foram citados na delação. Valdir Raupp, senador pelo PMDB, recebeu dinheiro em forma de contribuição para campanha eleitoral por ser um político importante no Estado. O relator não soube dizer qual o valor pago a ele. Roberto Sobrinho (PT-RO), ex-prefeito de Porto Velho, era o ‘Ariquemes’ na lista de pagamentos ilícitos. Quem recebia o dinheiro destinado a ele era Odair Cordeiro, homem de confiança de Sobrinho, de acordo com Valadares. Também está na lista o irmão do senador, Assis Raupp (PMDB-MT), ex-vereador de Porto Velho e ex-prefeito de Colniza, em Mato Grosso. Assis teve seu mandato de prefeito cassado em 2016. Para a Odebrecht, ele era o ‘São Francisco’ e recebeu propina por um depósito feito na conta de uma mulher, cujo nome Valadares diz desconhecer. Valter Araújo, ex-presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia, foi registrado como ‘Árabe’ na planilha. O delator citou ainda um pagamento feito ao codinome ‘Anjo’, que explicou ser ‘alguém do entorno do Ivo Cassol, mas não conseguimos identificar’.

Estadão
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