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Eliseu Padilha 17 de abril de 2017 | 07:00

Ex-diretor da Odebrecht ligou 32 vezes para Padilha

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O registro de 32 chamadas telefônicas feitas pelo ex-diretor da Odebrecht José de Carvalho Filho ao atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), em 2014, é um dos documentos apresentados pelo delator para provar o acordo e o pagamento de R$ 9 milhões não contabilizados ao grupo do PMDB. José Carvalho apresentou, em dois anexos, o registro da planilha do Drousys – software que era usado para organizar e gerenciar o pagamento de propina – com repasses que relaciona a Padilha e ao ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência da República), sob as alcunhas “Angorá” e “Primo”, ambas atribuídas a Moreira Franco. “Nitidamente se percebe a correlação dos dois eventos com as duas concentrações de ligações telefônicas com Eliseu Padilha”, dizem dois documentos do delator, que depois confirmou as informações em depoimento gravado em vídeo. O primeiro pagamento, de R$ 4 milhões, foi feito, de acordo com delatores, a pedido de Moreira Franco, que chefiava a Secretaria da Aviação Civil do governo Dilma, mas foi Eliseu Padilha, que lhe sucedeu no aludido ministério, quem tratou do recebimento dos valores acertados com intermediação de José Carvalho. O segundo acerto, conforme depoimentos, foi feito no jantar do Palácio do Jaburu com a presença de Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho, Eliseu Padilha e Michel Temer. Os valores, neste caso, eram de R$ 10 milhões sob pretexto de utilização nas campanhas do PMDB em 2014, mas apenas R$ 4 milhões seriam destinados a Padilha, que alocaria internamente no partido. Este valor, posteriormente, subiu em R$ 1 milhão porque houve uma cobrança do então deputado Eduardo Cunha por uma parte. Os outros R$ 6 milhões que completariam os R$ 10 milhões acertados no Palácio do Jaburu foram encaminhados diretamente para a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo naquele ano. Esse valor, segundo o chefe do departamento de Operações Estruturadas, Hilberto Mascarenhas Silva, foi entregue a Duda Mendonça, marqueteiro do presidente da Fiesp. Além dos telefonemas, José de Carvalho Filho disse que se encontrou pessoalmente com Padilha, no gabinete do peemedebista, para saber o endereço onde os recursos seriam entregues e, nesta mesma ocasião, repassou-lhe a senha para pagamento, feito com recursos não contabilizados, do Departamento de Operações Estruturadas – o “Departamento da Propina”.

Estadão
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