Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO
Gilmar Mendes 09 de junho de 2017 | 06:50

‘MPF combina com delatores’, afirma Gilmar

brasil

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, criticou nesta quinta-feira, 9, o Ministério Público Federal (MPF) e afirmou que os procuradores adotam a prática de considerar toda e qualquer doação eleitoral como propina. “Assistia esses dias na televisão a esses vídeos elaborados nesta última delação (da JBS), e aparentemente houve uma combinação dos delatores com o próprio Ministério Público para falar que todas as doações eram propina. Por quê? Porque essa é a linguagem que o Ministério Público adotou para todos os fins”, disse Gilmar. Para Gilmar, dizer que caixa 2 é propina virou “um mantra comum” dos integrantes da Lava Jato. “Os abusos são tão notórios que pediu-se inclusive um inquérito por doações da campanha de 1994, envolvendo o FHC”, disse. O ministro-relator Herman Benjamin rebateu: “Essa análise eu não faço presidente. Não vou até aí”. E Gilmar continuou: “Quem está fazendo sou eu. No caso da JBS”. O embate se deu quando os ministros estavam tratando da discussão sobre caixa 2. Nesse debate, os termos caixa 1, caixa 2, caixa 3 e propina foram exaustivamente repetidos ontem. O vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, defendeu sua instituição. Segundo ele, o órgão diferencia, nos acordos de colaboração, conceitos de caixa 2, propina e doação eleitoral. “A PGR nunca confundiu esses conceitos e essas categorias”, afirmou Dino. Em um dos momentos mais inusitados do julgamento, os ministros Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira defenderam que a “fase Odebrecht” não deveria fazer parte do processo de cassação da chapa porque a petição inicial do PSDB não pedia para discutir o uso de caixa 2 – recursos não contabilizados oriundos ou não de propinas – na campanha de 2014. As declarações foram rebatidas por Benjamin, que defendeu que o uso de recursos ilícitos estava registrada na petição inicial ajuizada pelos tucanos. Em tom irônico, o relator desejou “boa sorte” para os ministros que iriam analisar apenas o chamado “caixa 1”, ou seja, o dinheiro doado oficialmente para a campanha. “Para analisar caixa 1, não precisamos de TSE”, afirmou.

Estadão
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