18 maio 2024
O anúncio do plano de privatização da Eletrobrás provocou na terça-feira, 22, uma onda de euforia no mercado financeiro. As ações da estatal fecharam com valorização de 49,3%, e o valor de mercado da companhia saltou, em um só dia, cerca de R$ 9 bilhões atingindo R$ 29 bilhões. O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, destacou que, sob nova direção, acabarão as indicações políticas na empresa. E a ingerência política sempre foi vista pelo mercado como um fator limitador na atuação da empresa.”No momento em que o governo deixa de ser o controlador, haverá perda das prerrogativas de indicações políticas nos conselhos da empresa”, disse Coelho Filho, ao lembrar que esse fenômeno também beneficiou outras empresas estatais, como a mineradora Vale.”O mercado adora a palavra ‘privatização’ e recebeu a notícia com euforia. Esse otimismo foi alimentado pela expectativa de que o governo siga no plano de desestatizações e coloque em prática um pacote de incentivo à infraestrutura”, disse Pedro Galdi, analista da Magliano Corretora. “A Eletrobrás tem sido um problema, pelos sucessivos prejuízos, e ao mesmo tempo o governo não tem recursos para investir no sistema elétrico”, disse Luiz Roberto Monteiro, da Renascença Corretora, justificando a euforia do mercado com o anúncio. Com ajuda da Eletrobrás, a Bolsa de São Paulo subiu 2,01%, ultrapassando, pela primeira vez desde 2011, o patamar de 70 mil pontos.Segundo Coelho Filho, o debate sobre a desestatização da Eletrobras já existia no governo, e repetiu que a empresa – nas condições atuais – tem dificuldades em honrar seus compromissos e ainda competir no mercado. “O aumento de tarifas e de encargos não são alternativas”, afirmou.Apesar da privatização, o ministro disse que o desenho que está sendo estudado para a operação prevê que a União mantenha uma “golden share”, com poder de veto em decisões da companhia.O presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, disse que a privatização colocará a empresa em pé de igualdade com outras companhias de energia internacionais, que até já estão presentes no mercado brasileiro. “No pé em que estamos, não teríamos essa condição”, admitiu.
Estadão