Foto: Marcos Correa / Divulgação
Michel Temer 02 de agosto de 2017 | 07:25

Por Previdência, Planalto pretende poupar infiéis

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Na ofensiva para garantir quórum no plenário da Câmara dos Deputados e derrubar hoje a denúncia por corrupção passiva contra Michel Temer, o governo passou a garantir aos aliados, nos bastidores, que não haverá retaliação a quem se posicionar contra o presidente. A nova estratégia tem como principal alvo o PSDB e mira não apenas na rejeição do processo contra Temer, mas também na reforma da Previdência. O Palácio do Planalto avalia que o plenário barrará a investigação. Mesmo assim, a crise política está longe de ser resolvida e, se escapar da denúncia, Temer precisa da base unida para aprovar a reforma da Previdência. É justamente aí que seus problemas aumentam ainda mais. Dividido, o PSDB ameaça a todo instante deixar o governo. Dos 46 deputados da bancada tucana, 30 já falam em votar hoje contra Temer. O PSDB comanda quatro ministérios e o presidente pediu ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) que o ajude a reverter votos. Alvo de novo pedido de prisão apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Aécio é um dos principais defensores de Temer no PSDB. Embora até mesmo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, esteja há tempos mandando recados de que os traidores perderão cargos na administração, na prática auxiliares do presidente dizem que o momento não é de confronto. Em conversas reservadas, alguns deles afirmam que o troco pode até ser dado aos infiéis, mas não agora porque é preciso evitar um esgarçamento ainda maior da base de sustentação de Temer. “Em política não se briga com ninguém”, argumentou o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos integrantes da “tropa de choque”. “Queremos virar logo essa página para votar a reforma da Previdência e outras de que o Brasil precisa. Estamos fazendo um apelo para que todos marquem presença no painel e, se não puderem votar com o governo, que se abstenham.” O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ter certeza de que o PSDB não virará as costas para Temer. “O PSDB tem um papel importante no governo e vai ajudar o governo”, afirmou. “Recebi vários deputados dizendo que iam votar contra o presidente, mas a favor da reforma da Previdência.” Pelos cálculos do Planalto, Temer terá hoje entre 240 e 280 votos a seu favor, mas ainda há entre 30 e 40 “indecisos”. Para que a denúncia seja aceita, é necessário o apoio de 342 dos 513 deputados. A ideia inicial do governo era fazer da votação de hoje um teste para demonstrar sua força – o Planalto precisa de 308 votos para aprovar a reforma da Previdência. Percebeu, porém, que o presidente pode ganhar sobrevida, mas está muito enfraquecido.

Estadão
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