Foto: Dida Sampaio/Estadão
A ex-presidente Dilma Rousseff com o ex-presidente Lula 06 de setembro de 2017 | 20:17

Palocci cita reunião com Lula, Dilma e Gabrielli para acertar propina do pré-sal

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O ex-ministro Antônio Palocci afirmou, nesta quarta-feira, 6, ao juiz federal Sérgio Moro, que participou de uma reunião com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, na qual Lula pediu “contribuição” oriunda de contratos do pré-sal para a campanha de sua sucessora, em 2010, à Presidência da República. Palocci foi preso na Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato em setembro de 2016, e foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 12 anos e 2 meses de prisão. Ele está tentando fechar acordo de delação premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal. O ex-ministro resolveu confessar seus crimes em interrogatório no âmbito de processo relacionado à suposta compra, pela Odebrecht, do apartamento vizinho ao de Lula, em São Bernardo do Campo, e do terreno onde seria sediado o Instituto Lula. Segundo o Ministério Público Federal, os imóveis são formas de pagamento de vantagens indevidas ao petista. O ex-ministro mencionou uma reunião, em 2010, no Palácio da Alvorada, da qual teria participado, ao lado de Dilma Rousseff, Lula, e do então presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli. O petista diz nunca ter ouvido Lula falar de uma “maneira tão direta” como naquela reunião: “Ele disse: ‘eu chamei vocês aqui por que o pré-sal é o passaporte do Brasil para o futuro, ele que vai dar combustível para um projeto político de longo prazo no Brasil, ele vai pagar as contas nacionais, vai ser o grande financiador dos grandes projetos do Brasil, e eu quero que o Gabrieli faça as sondas pensando nesse grande projeto para o Brasil. Mas o Palocci está aqui, Gabrielli, porque ele vai lhe acompanhar nesse projeto, porque ele vai ter total sucesso e para que garanta que uma parcela desses projetos financie a campanha dessa companheira Dilma Rousseff, que eu quero ver presidente do Brasil”, relatou o ex-ministro a Moro. Palocci ainda disse que Lula “encomendou” a Gabrielli que, “através das sondas, pagasse a campanha da presidente Dilma em 2010 pedindo, obviamente, às empresas os valores que seriam destinados à campanha”. No entanto, apesar da suposta “encomenda”, Palocci frisou que Gabrielli nunca cometeu ilícitos. “Na terceira reunião que eu tive com ele deixou claro que não ia viabilizar contribuição de campanha nesse projeto”. O petista ainda contou que as empresas nacionais que se envolveram em projetos de navios-sonda nunca pagaram propinas em esquemas da Petrobras, porque os contratos “não davam margem” a estes repasses. “As estrangeiras pagaram ao Vaccari porque vinham com sua curva de aprendizagem”.

Estadão Conteúdo
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