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Polícia de Goiás apreende agenda de Antônio Carlos da Silva Francisco, suspeito de vender vagas em concursos 04 de novembro de 2017 | 12:02

Polícia identifica 18 estudantes em agenda de fraudador do Enem/2016

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A Polícia Civil de Goiás apreendeu a agenda de Antônio Carlos da Silva Francisco, suspeito de vender vagas em concursos e preso na terceira fase da Operação Porta Fechada, com uma relação de 18 candidatos que tentaram fraudar o Enem 2016. A ação deflagrada na segunda-feira, 30, capturou outros sete aliciadores de candidatos dispostos a comprar provas. As anotações manuscritas preenchem 10 páginas da agenda e têm o título ‘Relação candidatos’. Os candidatos receberam números de 1 a 18. Da relação, cinco conseguiram a aprovação com a fraude. Sob cada nome, a agenda contém anotações com o número do CPF, a pontuação ligada ao Enem, um número de inscrição e uma senha. A senha de um aluno era ‘halls preto’. Segundo os investigadores, o documento revela a ousadia do grupo – ao lado do nome de alguns candidatos, a agenda traz cálculos sobre a quantidade de pontos necessários para aprovação. A anotação referente ao estudante identificado pelo número 17 indica ‘Pontos 802,54’. “813,2 + 746,4 + 757,8 + 975,3 – Redação 720’. A agenda indica ainda cidades de outros Estados. Associado à aluna número 1 está o município de São José do Rio Preto’ e à aluna número 2, Agudos, ambos os municípíos situado no interior de São Paulo. A venda de vagas do Enem foi descoberta pela Operação Porta Fechada em meio à investigação sobre fraudes no concurso para delegados. A nova fase da operação identificou que os treze primeiros colocados na prova objetiva para delegados foram aprovados mediante a compra de suas vagas. Os valores pagos pelos candidatos iam de R$ 150 mil a R$ 450 mil. A quantia dependia ‘do bolso da pessoa’, diz a polícia. Parte dos alvos da Porta Fechada, segundo a Polícia, era formada por aliciadores que ‘identificavam possíveis compradores de vagas’. A polícia afirma que os aliciadores usaram o ex-funcionário do Cebraspe (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos – órgão vinculado à UnB) Ricardo Nascimento da Silva para fraudar concursos – ele foi preso. Os compradores de vaga entregavam as folhas respostas em branco ou com apenas poucas questões preenchidas. No dia seguinte à aplicação da prova o funcionário do Cebraspe pegava os cartões respostas, preenchia o documento durante a noite, quando já era possível acessar os gabaritos na área do candidato, e os devolvia para digitalização e conferência de erros e acertos. De acordo com a polícia, em 6 de fevereiro, Ricardo Nascimento da Silva pegou os cartões respostas, ao menos, de 16 candidatos que haviam entregue os papeis praticamente em branco por orientação do esquema. Após o preenchimento de 13 desses cartões respostas, Ricardo os devolveu ao Cebraspe no dia seguinte, para digitalização e conferência de erros e acertos. Os outros três cartões respostas, segundo a Polícia, não foram preenchidos por desacordo quanto ao pagamento entre aliciadores e candidatos, motivo pelo qual estes não foram aprovados.

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